O Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs) aponta que a movimentação financeira média real das pequenas e médias empresas brasileiras cresceu 2,5% em setembro de 2025 em relação ao mesmo mês de 2024. Em termos dessazonalizados, houve leve recuo de 0,8% frente a agosto, interrompendo uma sequência de três altas consecutivas.
Apesar da oscilação mensal, o desempenho positivo no comparativo anual indica uma trajetória consistente de recuperação do setor ao longo do segundo semestre. No acumulado de 2025, o índice mantém estabilidade frente a 2024, refletindo os efeitos de um primeiro semestre ainda marcado por custos elevados e menor confiança empresarial.
“As PMEs vêm apresentando uma retomada gradual desde junho, sustentada por fundamentos como a desaceleração da inflação e o aumento da renda real. Ainda que o crédito continue caro, a melhora do poder de compra das famílias tem contribuído para um ambiente mais favorável, especialmente para os segmentos ligados ao consumo”, analisa Felipe Beraldi, economista da Omie.
O setor industrial permanece como principal motor do desempenho positivo das PMEs, com crescimento de 6,1% em setembro, na comparação anual. O avanço consolida a recuperação iniciada em maio e é disseminado entre os segmentos da indústria de transformação; 16 dos 23 subsetores acompanhados pelo índice registraram aumento no faturamento real, com destaque para bebidas, produtos alimentícios e papel e celulose.
Outro destaque do mês foi o retorno do comércio ao campo positivo, com expansão de 2,1% em relação a setembro de 2024. O resultado foi puxado pelo atacado (+4,0% YoY), enquanto o varejo ainda apresenta retração média de 3,5% YoY. Entre os nichos que cresceram no período, sobressaem lojas de departamento, artigos de relojoaria e varejo de doces.
“A recuperação do comércio mostra uma melhora na dinâmica da renda e da confiança do consumidor. O atacado, em especial, tem se beneficiado da recomposição de estoques e da estabilização dos custos logísticos”, explica Beraldi.
O setor de Serviços registrou leve queda de 0,2% em setembro, após avanço de 1,6% em agosto, marcando o primeiro resultado negativo do ano. Ainda assim, segmentos como atividades profissionais, científicas e técnicas e informação e comunicação mantiveram crescimento no período.
Já as PMEs de Infraestrutura continuam em retração, com recuo de 2,3% frente a setembro de 2024, após queda de 5,1% em agosto. O desempenho segue pressionado pela desaceleração da construção civil, afetada pela política monetária restritiva.
“Os juros em patamar elevado continuam sendo o principal limitador da expansão dos setores mais sensíveis ao crédito. A indústria e parte do comércio conseguem reagir mais rápido, mas serviços e infraestrutura ainda operam com margens comprimidas”, observa o economista.
A sequência de resultados positivos do IODE-PMEs desde junho reflete uma superação gradual do choque de custos e confiança observado na transição de 2024 para 2025. A queda nas pressões inflacionárias, especialmente nos preços de alimentos e bebidas — grupo que apresentou deflação de 0,26% em setembro, segundo o IPCA/IBGE —, tem contribuído para aliviar o orçamento das famílias e sustentar o consumo.
Por outro lado, o ambiente macroeconômico segue desafiador, com juros em níveis historicamente altos e condições de crédito restritas, fatores que devem manter o ritmo de crescimento das PMEs moderado, porém estável, até o final de 2026.
“O saldo é positivo, pois o setor mostra resiliência e capacidade de adaptação, mesmo em um contexto de restrição financeira. O desafio agora é sustentar esse crescimento com produtividade, inovação e acesso mais equilibrado a crédito”, conclui Beraldi.