O Ministério da Fazenda avalia que o Produto Interno Bruto (PIB) potencial do Brasil — a capacidade de o país crescer sem gerar desequilíbrios, como inflação — oscila na faixa entre 2% e 2,5%. O diagnóstico da Fazenda é, portanto, de um cenário com espaço para crescimento econômico e fortalecimento do mercado de trabalho sem que isso possa representar uma trava no ciclo de corte de juros conduzido atualmente pelo Banco Central (desde agosto, a autoridade monetária já reduziu a Selic de 13,75% para 11,25% ao ano).
“Nós já demonstramos nos últimos anos que podemos crescer acima de 2%, 2,5%, sem gerar pressão inflacionária”, afirma Guilherme Mello, secretário de política econômica da pasta. “Ainda há muita ociosidade, tanto no mercado de trabalho quanto na estrutura produtiva. Há possibilidade de ocupar essa capacidade ociosa e crescer sem gerar pressão inflacionária”.
Para 2024, a Secretaria de Política Econômica (SPE) projeta um crescimento do PIB de 2,2%. O número está acima da mediana do mercado, que está em 1,6% segundo o último relatório Focus, do BC. Alguns economistas, no entanto, já estão elevando essa previsão para a casa de 2%. Para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a previsão da SPE também é mais benigna (3,55%, contra 3,82% do Focys).
Com o crescimento econômico surpreendendo nos últimos anos, o debate sobre o tamanho do PIB potencial do Brasil passou a fazer parte entre os economistas do setor privado. Uma parte diz que o país conseguiu ampliar a sua capacidade de crescimento sem gerar desequilíbrios por causa das reformas que foram feitas nos últimos anos.