Fed reduz taxa de juros para 3,75%

O Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Federal Reserve decidiu reduzir a meta para a taxa de juros dos fundos federais em 0,25 ponto percentual, fixando-a na faixa entre 3,75% e 4%. A decisão, que era esperada pelo mercado, foi tomada em um cenário de incerteza econômica elevada e de aumento nos riscos de queda no emprego.

Em apoio aos seus objetivos de máximo emprego e inflação de 2% no longo prazo, o Comitê citou a desaceleração na criação de empregos e o aumento ligeiro na taxa de desemprego como fatores que pesaram na mudança da política monetária. A inflação, embora um pouco elevada, subiu desde o início do ano. O Fed afirmou estar atento aos riscos para ambos os lados de seu duplo mandato, mas reconheceu que os riscos de queda no emprego aumentaram nos últimos meses.

Simultaneamente ao corte na taxa de juros, o Fed anunciou o fim da redução de seu balanço patrimonial de US$ 6,6 trilhões, o chamado aperto quantitativo (QT). A partir de 1º de dezembro, o Comitê buscará manter estável seu estoque de títulos do governo, renovando os títulos do Tesouro que vencerem, em vez de permitir que até US$ 5 bilhões vencessem a cada mês sem serem substituídos.

Essa mudança de política responde a crescentes sinais de pressão nos mercados monetários, onde as condições de liquidez começaram a se restringir e os níveis de reservas bancárias estavam caindo – uma situação que o banco central prometeu evitar. Além disso, o Fed informou que reinvestirá todos os recursos provenientes do vencimento dos títulos lastreados em hipotecas (MBS), que antes tinham uma meta de expirar, em títulos do Tesouro.

O banco central, inclusive, já havia retomado compras limitadas de títulos do Tesouro após os mercados monetários mostrarem sinais de escassez de liquidez, reforçando o compromisso de garantir o funcionamento suave do sistema financeiro.

O corte na taxa de juros não foi unânime. A votação da decisão gerou discordâncias de dois membros. O governador Stephen Miran voltou a defender uma redução mais acentuada nos custos de empréstimo. O presidente do Fed de Kansas City, Jeffrey Schmid, se mostrou favorável a não realizar cortes, dada a inflação persistente.

Além das divisões internas, o processo de tomada de decisão do Fed foi limitado pela paralisação (shutdown) do governo dos EUA, que se arrasta pelo 29º dia devido a um impasse de financiamento no Congresso. A paralisação impediu a divulgação de dados econômicos essenciais, forçando o Fed a basear sua avaliação da taxa de desemprego nos dados desatualizados de agosto.

A prolongada paralisação do governo está começando a causar danos econômicos, com analistas estimando que pode prejudicar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre. Economistas estimam que o shutdown está reduzindo o crescimento do PIB ajustado pela inflação em 0,1 a 0,2 pontos percentuais por semana, em termos anualizados.

O impacto recai principalmente sobre o consumo e a produtividade, já que cerca de 700 mil funcionários federais foram colocados em licença não remunerada e quase o mesmo número está trabalhando sem receber. Isso pode forçar as famílias a adiarem gastos, com a agravante de a Casa Branca sugerir que o pagamento retroativo não é garantido. Os funcionários terceirizados do governo também foram dispensados sem garantia de pagamento retroativo, ampliando o impacto da crise.

*Com informações da Reuters

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