Retomando nossa coluna de governança corporativa, eu tenho a dizer que o ano já começou e todos os anos fazemos promessas, projeções e somos inundados de esperança por um novo ano melhor. Mas qual a nossa parcela nesse processo?
Não, definitivamente, não temos tempo a perder. Em 2023, o mundo chegou à metade do caminho para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, estabelecidos pela Agenda 2030, em 2015.
E o resultado disso?
O tempo está contra a humanidade. Os desafios são enormes e só é possível vencê-los caso haja cooperação, compromisso e solidariedade de todos. O mundo corporativo é parte fundamental neste mutirão pelo futuro. O Pacto Global da ONU no Brasil tem consciência que a ação empresarial não corresponde à ambição e ao ritmos necessários para alcançar os ODS.
Por isso, a estratégia Ambição 2030 foi lançada para engajar cada vez mais corporações em temas urgentes. Ela é um chamado para que as organizações assumam compromissos públicos, com metas mensuráveis, por meio de oito grandes Movimentos – Elas Lideram 2030, + Água, Salário Digno, Raça é Prioridade, Ambição Net Zero, Transparência 100%, Mente em Foco, Conexão Circular – que contribuem para o avanço real da Agenda 2030, na corrida pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.
No Pacto por segurança hídrica e saneamento básico. Sua empresa faz uso consciente e responsável desse recurso? Tem algum projeto de captação de água da chuva? Participação de algum projeto de recuperação e revitalização de bacia hidrográfica? Sem floresta não tem água. Sem água, não sobrevivemos e nem nossos processos produtivos. O quão eficiente é seu processo no uso da água?
Sobre a emergência climática, sua empresa faz uso de energia limpa e renovável (escopo 2)? Faz controle e tem planos de diminuir a emissão do escopo 1 (emissões pelas quais a empresa é diretamente responsável, pelo processo produtivo) e/ou participa de algum banco de soluções de baixo carbono, com foco no escopo 3 (para coleta e serviços sustentáveis no que tange ao trajeto)? Se possui metas de descarbonização, elas estão baseadas na ciência, de acordo com os critérios do SBTi (Science Based Target Iniciative)?
Quanto à equidade de gênero? Qual o percentual de mulheres em cargos de liderança? Qual o percentual de mulheres em cargos de alta liderança? E no quadro funcional de sua organização?
Quanto ao desafio racial? Sua organização já realizou o censo racial? Qual a metodologia utilizada? Qual o percentual de pessoas negras em cargos de liderança?
Sua organização tem metodologia identificada para cálculo de salário digno? Não é possível uma diferença de remuneração e de aumento salarial entre a pessoa mais bem remunerada e todos os outros colaboradores com uma média anual de 519%.
A governança e integridade, além do combate a corrupção. Para muitas empresas, a transparência corporativa ainda é um tabu. Mas é um desafio que as corporações precisam superar – 100% de transparência nas interações com a administração pública, 100% de remuneração íntegra da alta administração, 100% da cadeia de valor de alto risco treinada em integridade, 100% de transparência da estrutura de compliance e governança e 100% de transparência sobre o desempenho do canal de denúncias.
A responsabilidade é sua, nossa e de todos nós.
Se você gostou desses insights, leia o Relatório da Rede Brasil Pacto Global, 1 ano de Ambição 2030, relatório 2022 – 2023: https://www.pactoglobal.org.br/