A Rede D’Or São Luiz e o Grupo Fleury (FLRY3) continuam em tratativas para uma potencial transação, conforme comunicado oficial da rede de diagnósticos nesta segunda-feira (20). A manifestação ocorre após a circulação de notícias que sugeriam a suspensão das negociações, o que causou volatilidade no mercado acionário. O Fleury afirmou, em fato relevante, que não há “qualquer decisão de sua administração de suspender, seguir ou não seguir com qualquer transação envolvendo a Rede D’Or”, e que não foram celebrados quaisquer compromissos ou documentos vinculantes entre as partes.
Apesar do comunicado do Fleury, que mantém a possibilidade do acordo em aberto, as ações FLRY3 caíam 4,49% (R$ 14,88) na B3, liderando as baixas do principal índice da bolsa brasileira por volta do meio-dia. A queda reflete a sensibilidade do papel aos rumores negativos, dado que as ações haviam se valorizado em cerca de 15% após os primeiros indícios de uma possível aquisição pela Rede D’Or.
Os rumores sobre a suspensão foram impulsionados por uma coluna do jornal O Globo, que reportou que a Rede D’Or teria interrompido as negociações com o Fleury por discordância no preço e estaria em conversas com outras empresas de medicina diagnóstica, como a Alliança Saúde (AALR3), de Nelson Tanure, e o Dasa (DASA3), da família Bueno.
Em reação a esses rumores, as ações da Dasa (DASA3) subiam 3,85% (R$ 1,35) e as da Alliança (AALR3) tinham alta de 0,53% (R$ 5,65). No entanto, a Dasa negou, por meio de sua assessoria de imprensa, qualquer negociação com a Rede D’Or. O BTG Pactual também classificou como “muito improvável” um envolvimento da Dasa no segmento de diagnósticos com a Rede D’Or, e não vê indícios de desinvestimento na Alliança. O JPMorgan avaliou que um negócio com a Alliança teria relevância limitada para a Rede D’Or.
O JPMorgan destacou que a dificuldade de um acordo com o Fleury reside em sua complexa estrutura societária. A empresa é controlada por três blocos distintos – Bradesco Diagnóstico, o bloco Integritas (médicos-sócios) e a família Pardini – unidos por acordos de acionistas interdependentes.
O banco explica que “qualquer transferência de ações ativa múltiplos direitos de preferência, com prazos formais e períodos de espera que podem ultrapassar seis meses”, limitando a liquidez e tornando ofertas não solicitadas extremamente difíceis. Adicionalmente, os médicos-sócios mantêm forte influência na governança, com representação no conselho e em comitês.
O Itaú BBA considera que a eventual confirmação da suspensão seria negativa para o Fleury, cujas ações se valorizaram significativamente com a perspectiva do acordo. Contudo, o BBA acredita que o desempenho do papel deve ser limitado pela falta de uma confirmação definitiva, mantendo o apelo estratégico da empresa como um alvo potencial de aquisição.
Para a Rede D’Or, o BBA esperava uma reação neutra, pois a empresa mantém alternativas para o crescimento inorgânico. Na visão do BTG, a notícia de que a Rede D’Or está explorando outras opções apenas “evidencia a força da companhia para explorar alternativas que fomentem a expansão de suas operações”.
Por volta das 12h10 (horário de Brasília), enquanto FLRY3 caía 4,04% (R$ 14,95), as ações da Rede D’Or (RDOR3) mostravam alta de 1,37% (R$ 41,35). BBA, JPMorgan e BBI mantiveram a recomendação de compra para as ações, sinalizando que a visão de longo prazo para as companhias permanece positiva.