O varejo físico brasileiro registrou retração em março de 2025, segundo o Índice de Performance do Varejo (IPV): o fluxo de visitantes caiu 2% em lojas de rua e 16% em shopping centers, enquanto as vendas e o faturamento recuaram 5% e 6%, respectivamente, em comparação com o mesmo período de 2024. O levantamento, já consolidado como ferramenta estratégica para empresas e investidores, é idealizado pela HiPartners a partir de dados das empresas FX Data Intelligence e F360 e análise da 4Intelligence.
“Os dados mais recentes da PMC (Pesquisa Mensal do Comércio), corroboram os números do IPV de março. O varejo brasileiro segue oscilando entre avanços pontuais e desaceleração estrutural. Mesmo com crescimento de 2,4% no varejo ampliado em janeiro (interanual), o desempenho ainda é moderado, principalmente nos setores sensíveis ao crédito”, explica Eduardo Terra, sócio da HiPartners. Além disso, Terra destaca que a inflação de alimentos, as altas taxas de juros e as mudanças tributárias (como o programa Remessa Conforme) continuam influenciando a dinâmica do consumo.
Consequentemente, a queda no ticket médio geral, de -1,1%, indica uma perda de fôlego na atividade de compra. Por tipo de loja, o ticket médio nos estabelecimentos situados em shopping centers até apresentou alta de 3,4%, mas foi insuficiente para compensar as quedas observadas nas lojas de rua (-3,7%) e em regiões como o Sudeste (-1,5%) e Norte (-1,8%).
“O mês de março trouxe sinais importantes para o varejo. Apesar da retração de 6,3% no faturamento nacional e da queda no fluxo de clientes em shopping centers, vimos estabilidade nas lojas de rua e crescimento em regiões como Nordeste e Sul. Além disso, o setor de móveis e eletrodomésticos se destacou com alta de 22%, o que mostra que, mesmo em um cenário desafiador, há espaço para crescer com estratégia”, analisa Henrique Carbonell, cofundador e CEO da F360, empresa responsável pelos dados de vendas e faturamento do IPV.
A retração no faturamento foi generalizada entre as regiões brasileiras. O Centro-Oeste se destacou como a mais impactada, com queda de 14% tanto no faturamento quanto no fluxo de visitação. Por outro lado, o Nordeste apresentou um comportamento destoante: registrou um expressivo aumento de 9% no fluxo de clientes, mesmo com uma retração de 10% na receita.
Outras regiões também mostraram contraste entre movimentação e faturamento. O Norte teve crescimento de 5% no fluxo, mas viu suas receitas caírem 6%. O Sul seguiu a mesma linha, com +4% de visitas e queda de 7% no faturamento. O Sudeste, por sua vez, registrou retração em ambos os indicadores: -5% em fluxo e -4% em receita.
Comemorado em 15 de março, o Dia do Consumidor em 2025 não trouxe o impulso esperado para o varejo físico. Os dados do IPV indicam retração no fluxo de visitação e também nas vendas durante a semana promocional e a primeira quinzena do mês.
Comparando a semana do Dia do Consumidor deste ano com a mesma semana de 2024, o fluxo de visitantes em shopping centers despencou 16%, enquanto nas lojas físicas em geral a queda foi de 5%. Na quinzena, os números seguem a mesma linha: -15% em shoppings e -1% em lojas físicas.
No faturamento, o cenário segue morno. Na semana da data comemorativa, houve retração de 3%, tanto no faturamento quanto nas vendas. Apenas na quinzena observou-se um tímido avanço de 0,31%, possivelmente impulsionado por promoções pontuais e aumento do ticket médio em segmentos específicos.