O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para cima sua expectativa de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2025, mas indicou uma desaceleração mais acentuada para o ano seguinte. Segundo o relatório Perspectiva Econômica Global, divulgado nesta terça-feira, a previsão de expansão do PIB do Brasil para este ano passou a ser de 2,4%, um ligeiro aumento de 0,1 ponto percentual em relação ao dado de julho. Contudo, para 2026, a estimativa foi reduzida em 0,2 ponto, situando-se em 1,9%.
A principal preocupação que pesa sobre o horizonte de 2026 é o impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. O FMI ressaltou que as “tarifas mais altas impostas pelos Estados Unidos estão reduzindo a demanda externa, com profundas implicações para várias grandes economias orientadas para a exportação“. Em agosto, o então presidente Donald Trump estabeleceu uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras, em uma medida justificada por ele, em parte, pela posição do Brasil em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Apesar de algumas isenções subsequentes e da expectativa de um encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Trump, a incerteza na política comercial global já afeta o apetite das empresas por investimentos.
Internamente, o Fundo observa “sinais de moderação” na atividade econômica brasileira, atribuídos em grande parte à política monetária e fiscal restritiva. A taxa Selic, mantida pelo Banco Central em um nível restritivo de 15%, visa buscar a meta de inflação e o Banco Central sinalizou a entrada em um novo estágio de política monetária, com a taxa básica de juros inalterada por um longo período.
As projeções do FMI para 2025 superam levemente as expectativas do Governo Federal (2,3%). Entretanto, para 2026, o Ministério da Fazenda mantém um otimismo maior, prevendo um crescimento de 2,4%.
No que tange à inflação, o Fundo calculou uma média anual de 5,2% para 2025 e de 4,0% para 2026, ambas acima do centro da meta oficial de 3,00%. Além disso, o Brasil foi incluído no grupo de países que, ao lado de China, França e Estados Unidos, deve apresentar um aumento “significativo” da dívida como proporção do PIB em 2025.
Para o grupo das Economias de Mercados Emergentes e em Desenvolvimento, do qual o Brasil faz parte, o FMI também ajustou as perspectivas, vendo crescimento de 4,2% em 2025 (ante 4,1% antes) e 4,0% em 2026. A força desse grupo no primeiro semestre foi atribuída, em parte, à produção agrícola recorde no Brasil e à resiliência de outros países, mas o relatório ponderou que as condições externas e a desaceleração do ímpeto doméstico representam desafios crescentes. Na América Latina e Caribe, o crescimento projetado é de 2,4% em 2025 e 2,3% em 2026, impulsionado principalmente pela melhora na estimativa para o México.