Os fundos de pensão do Brasil enfrentaram uma perda de R$ 956 milhões devido à crise da Americanas, iniciada em janeiro do ano passado. No entanto, uma parte significativa desse montante pode ser recuperada nos próximos anos, seguindo plano de recuperação judicial da empresa, aprovado pelos credores em dezembro de 2022. De acordo com a estimativa da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), até 60% desse valor pode ser resgatado, o que representa uma porcentagem considerável em comparação com outros processos similares.
As perdas estão relacionadas à desvalorização dos papéis emitidos pela varejista, que entrou com um pedido de proteção judicial após a revelação de uma fraude contábil avaliada em mais de R$ 25 bilhões. Os fundos de pensão tinham exposição à Americanas por meio de títulos de dívida ou de fundos que investiam em ações da empresa. A perspectiva de recuperação se baseia no plano aprovado pela empresa na Justiça, permitindo que os credores financeiros recebam pagamento com desconto mínimo de 70%, convertam parte da dívida em ações e outra parte em nova dívida, com o restante pago em dinheiro.
Os fundos de pensão precisarão adotar uma abordagem de longo prazo, pois o prazo para quitação na recompra vai até 2039, e na conversão em ações, os credores terão que esperar três anos para zerar suas posições. A valorização dos papéis acima dos R$ 1,30 previstos na capitalização será crucial para atingir os R$ 24 bilhões projetados.
Apesar do prejuízo considerável, a maior parte do mercado não enfrentou uma perda efetiva de dinheiro. A recuperação judicial abriu a perspectiva de uma recuperação maior dos valores perdidos para sete casos de possíveis problemas de gestão relacionados à venda dos papéis da Americanasantes da aprovação da recuperação judicial.
O impacto para os beneficiários foi relativamente pequeno, representando apenas 0,8% do patrimônio total do setor, que possui mais de R$ 1,2 trilhão em ativos. A Previc supervisiona as entidades fechadas de previdência, incluindo grandes fundos como Previ, Petros, Funcef e Valia.
Imagem: Flávya Pereira/Money Times