Fusão entre Cogna e Yduqs perde tração após resultados fracos e desalinhamento de valuation

Imagem Ilustrativa: Pixabay - MIT

As conversas sobre uma possível fusão entre Cogna (B3: COGN3) e Yduqs (B3: YDUQ3), que chegaram a animar o mercado e analistas nos últimos meses, perderam força diante de uma mudança no cenário financeiro das empresas. Segundo fontes ligadas às empresas, a operação deixou de ser prioritária e, neste momento, está fora do radar das companhias. A reversão de expectativas ocorre poucos dias após a Yduqs divulgar um balanço considerado fraco pelo mercado. A companhia reportou resultados abaixo do esperado, com margens pressionadas e desaceleração no ritmo de recuperação de seus indicadores financeiros. O desempenho decepcionante provocou uma queda no valor de mercado da empresa, aprofundando o desequilíbrio de valuation entre as duas gigantes do ensino superior — um dos principais obstáculos para que a transação avance.

Historicamente, Cogna e Yduqs travaram uma disputa acirrada pela liderança do setor privado de educação no Brasil. A eventual fusão entre as duas consolidaria uma empresa com mais de 2 milhões de alunos e forte presença em educação presencial e a distância, além de ganhos de escala significativos. Estimativas preliminares projetavam sinergias relevantes, sobretudo na redução de despesas operacionais, renegociação de contratos, eficiência tributária e racionalização da base de polos EAD.

Com base nesse potencial, bancos como o Bradesco BBI chegaram a apontar a fusão como “mais provável” em relatórios recentes, sugerindo que as negociações haviam avançado e que o mercado poderia precificar positivamente o movimento. O próprio histórico recente de ambos os grupos sustentava essa leitura: Cogna vem de uma sequência de reestruturações e voltou a reportar lucro líquido, além de sinalizar a retomada de dividendos, enquanto a Yduqs vinha indicando apetite por consolidação em declarações públicas.

No entanto, a deterioração do cenário financeiro da Yduqs e a valorização mais acentuada das ações da Cogna contribuíram para alargar a diferença de valor entre as empresas — um fator que compromete a simetria necessária para uma transação baseada em troca de ações ou acordos equitativos. Atualmente, a Cogna vale cerca de R$ 8 bilhões, enquanto a Yduqs gira em torno de R$ 5 bilhões, ampliando um descompasso que já vinha sendo monitorado. A postura mais cautelosa da Yduqs também é reflexo do atual ambiente macroeconômico e do aumento da seletividade dos investidores no setor de educação. Em entrevistas recentes, executivos da companhia afirmaram que seguem atentos a oportunidades, mas que o momento exige disciplina e conservadorismo na alocação de capital. A empresa já vinha sendo pressionada a priorizar a eficiência operacional antes de movimentos de aquisição mais ousados.

Por ora, o entendimento nos bastidores é que a janela para a fusão se fechou — ao menos temporariamente. Ainda que não se descarte uma retomada das conversas no futuro, o atual distanciamento entre os fundamentos das duas companhias, somado à ausência de uma pressão externa clara (como acionistas de referência ou condições regulatórias favoráveis), reduziu a urgência de um movimento de consolidação. Enquanto isso, o setor de educação segue fragmentado e sob pressão, com margens ainda comprimidas, competição acirrada no digital e desafios regulatórios persistentes. A expectativa de consolidação continua latente, mas os movimentos deverão ser mais cirúrgicos e seletivos. Para Cogna e Yduqs, ao menos por enquanto, a convergência de caminhos deu lugar a estratégias paralelas — cada qual voltada à própria agenda de recuperação e eficiência.

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