GM terá que arcar com US$ 1,6 bilhão em multa por crédito tributário

A General Motors (GM) informou nesta terça-feira (14) que registrará um encargo de US$ 1,6 bilhão em seu balanço do terceiro trimestre. O valor reflete uma reavaliação de sua estratégia de veículos elétricos (VEs), motivada pela desaceleração da demanda e pelo recente desmonte de um importante incentivo fiscal federal nos Estados Unidos.

A decisão da GM é um dos sinais mais evidentes de que as grandes montadoras americanas estão sendo forçadas a adaptar seus planos de produção em resposta a um mercado de VEs menos robusto que o esperado. Em documento regulatório, a empresa sediada em Michigan declarou esperar que a “taxa de adoção de veículos elétricos diminua” após mudanças regulatórias e políticas recentes, incluindo o fim de créditos fiscais ao consumidor e a redução do rigor das regras de emissões.

“O encargo é um item especial motivado pela nossa expectativa de que os volumes de veículos elétricos serão menores do que o planejado devido às condições de mercado e às mudanças no ambiente regulatório e político”, explicou a GM em comunicado à Reuters.

O mercado de VEs ganhou novas dificuldades após o governo Trump cancelar um crédito tributário federal de US$ 7.500, um apoio crucial para o setor. Executivos da indústria alertam para uma queda acentuada nas vendas de carros elétricos no curto prazo antes de uma eventual recuperação.

O encargo de US$ 1,6 bilhão se divide em uma redução ao valor recuperável (impairment) não monetária de US$ 1,2 bilhão, vinculada a ajustes de capacidade de VEs, e US$ 400 milhões em taxas de cancelamento de contratos e acordos comerciais. A GM informou que as cobranças serão contabilizadas como ajustes nos resultados não-GAAP do terceiro trimestre, que devem ser divulgados no início da próxima semana.

Além dos desafios no mercado de elétricos, a montadora está trabalhando para mitigar o impacto das tarifas impostas pelo presidente Donald Trump, que já forçaram a empresa a absorver um prejuízo de US$ 1,1 bilhão no trimestre anterior.

A GM estima um impacto total de US$ 4 bilhões a US$ 5 bilhões neste ano devido aos “ventos contrários do comércio”, embora possa tomar medidas para compensar ao menos 30% desse impacto. As ações da montadora caíram 2,5% nas negociações do pré-mercado, apesar de acumularem uma alta de cerca de 4,5% neste ano.

Garrett Nelson, analista sênior de ações da CFRA Research, avaliou o encargo como “não uma surpresa, dados os recentes desenvolvimentos do mercado e o fato de que a GM fez provavelmente o esforço mais agressivo em veículos elétricos entre todas as montadoras tradicionais”. Ele sugeriu que montadoras que investiram mais em veículos híbridos, como Toyota e Honda, estão “prontas para se beneficiar” do cenário automobilístico atual nos EUA.

Tanto a GM quanto a rival Ford chegaram a lançar programas que visavam manter o crédito fiscal de US$ 7.500 para arrendamentos de VEs após o fim do subsídio federal, mas acabaram recuando desses planos.

Apesar da reavaliação, a GM assegurou que as mudanças não afetarão o portfólio atual de veículos elétricos Chevrolet, GMC e Cadillac que já estão em produção. A montadora, no entanto, alertou para possíveis cobranças adicionais futuras, à medida que reavalia a capacidade e a área de fabricação.

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