O Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, deve iniciar um ciclo de afrouxamento monetário com três cortes consecutivos de 25 pontos-base na taxa de juros, começando em setembro. A projeção, feita por Jan Hatzius, economista do Goldman Sachs, aponta para novas reduções em outubro e dezembro, totalizando 75 pontos-base até o fim de 2025.
Segundo o relatório do banco, o cenário se desenha a partir da materialização de riscos no mercado de trabalho. Dados recentes, como o payroll de sexta-feira, 1º de agosto, reforçam a tese de que o crescimento econômico dos Estados Unidos se aproxima da estagnação.
A análise do Goldman Sachs destaca que, embora o aumento na taxa de desemprego tenha sido modesto (de 4,1% para 4,248%), o crescimento mensal subjacente do emprego despencou de 206 mil para 28 mil no mesmo período. A instituição estima que o mercado de trabalho precisa de cerca de 90 mil novas vagas por mês para se manter em equilíbrio.
Além do emprego, o cenário econômico é impactado por uma combinação de consumo lento, menor renda disponível e repasse gradual de tarifas sobre os preços. O setor de construção, por exemplo, enfrenta um ritmo mais fraco devido à redução na formação de domicílios, causada por menor imigração e crescimento populacional mais contido.
O presidente do Fed, Jerome Powell, adotou um tom cauteloso após a última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), mas mencionou os riscos do emprego seis vezes. Essa ênfase é vista pelo Goldman Sachs como um sinal de que os cortes de juros estão no radar do banco central. A casa de investimentos prevê ainda outros dois cortes de 25 pontos-base no primeiro semestre de 2026.
Uma redução mais agressiva, de 50 pontos-base, em setembro não é descartada, caso o próximo relatório de emprego de agosto mostre uma nova alta na taxa de desemprego ou avanço nos pedidos de seguro-desemprego.
A sucessão no Fed também se tornou um fator de atenção. Com o fim do mandato de uma das governadoras, o novo nomeado pelo presidente Donald Trump poderá participar da reunião de setembro e, em um cenário futuro, substituir Jerome Powell na presidência da autoridade monetária, cujo mandato se encerra em maio de 2026.