O governo federal anunciou nesta quinta-feira (9), um pacote de R$ 50 bilhões para a reconstrução do Rio Grande do Sul, afetado por enchentes nas últimas semanas. Apesar da medida, analistas afirmam que o valor será muito maior que o disponível, já que a proporção dos danos não foi dimensionada com exatidão.
“O que vocês viram anunciar aqui foram as primeiras medidas de crédito. Isso não termina aqui. Tenho dito aos ministros que temos que nos preparar, porque a gente vai ter o tamanho da grandeza dos problemas quando a água baixar e quando os rios voltarem à normalidade”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O economista Claudio Frischtak, sócio da Inter.B, afirma que a conta da reconstrução do estado deve chegar a R$ 90 bilhões. De acordo com o especialista, a conta considera a infraestrutura do estado, que foi impactada de forma generalizada. “Se considerarmos que metade da infraestrutura do Estado foi fortemente danificada e terá que ser reconstruída, temos demanda de cerca de 0,9% do PIB”, diz o analista para o jornal Valor.
Essa observação se deve pelo fato de que essa é uma tragédia sem precedentes na história do país. 85% das cidades gaúchas foram impactadas pelas chuvas, com ruas e casas inteiras abaixo d’água. Fabio Faccio, CEO da Renner, afirmou em entrevista a Exame Insight que a reconstrução do estado “vai ser longa e precisará da colaboração de empresas e associações”;
“Temos que ter um planejamento de médio e longo prazo, porque as questões climáticas importam cada vez mais. Cada vez mais temos que ter consciência dos impactos. Agora mesmo estamos vendo chuvas na Amazônia na época de seca, uma bolha de calor no outono no Sudeste e as enchentes no Rio Grande do Sul”, afirma o executivo.
Temporais no RS
As chuvas no estado começaram no dia 29 de abril, e ainda atingem a região. Com a falta de água, luz, além de centenas de feridos e serviços públicos paralisados, o governo federal decretou estado de calamidade na região. Por conta da medida, empreendedores gaúchos tiveram as parcelas do Simples Nacional e cobranças de outras dívidas prorrogadas, com foco em amenizar ainda mais as consequências da crise ambiental.