Governo dos Estados Unidos entra em shutdown

O governo dos Estados Unidos entrou em “shutdown” nesta madrugada após o Congresso não conseguir aprovar o orçamento federal antes do prazo final de meia-noite (horário local). Esta é a primeira paralisação do governo norte-americano em quase sete anos e a terceira sob a administração do presidente Donald Trump.

Com o impasse, o Escritório de Orçamento da Casa Branca determinou que as agências federais iniciassem seus planos de suspensão de recursos. Isso implica o fechamento de setores não essenciais, afetando a vida de centenas de milhares de funcionários públicos e diversos serviços à população.

O cerne da crise reside no impasse entre Republicanos e Democratas em torno de subsídios de saúde, especialmente a extensão do Obamacare e a reversão de cortes no programa MedicAid. Com ambos os partidos utilizando o momento como palco político para as eleições legislativas de 2026, analistas temem que a paralisação se arraste, intensificando seus efeitos econômicos.

O Escritório de Orçamento do Congresso (CBO) alerta que cerca de 750 mil funcionários federais podem ser temporariamente dispensados, com um custo diário de compensação estimado em US$ 400 milhões.

Em um cenário de longa duração — por exemplo, três semanas —, a taxa de desemprego poderia subir de 4,3% em agosto para 4,6% ou 4,7%, à medida que os servidores afastados fossem contabilizados como desempregados temporários, segundo a Bloomberg Economics. A Casa Branca chegou a emitir um alerta para que as agências preparassem planos de demissão em massa.

Setores vitais como saúde e segurança pública continuam operando normalmente. Agências têm acionado planos de contingência para detalhar quais operações e trabalhadores seguirão ativos. O Departamento do Estado manterá menos da metade de seus contratados diretos, mas continuará a emitir passaportes e vistos, conforme documento obtido pela CNN Internacional.

A Receita Federal informou que seus 74,5 mil funcionários seguirão trabalhando normalmente. Companhias aéreas alertam que a paralisação pode prejudicar o setor e causar problemas nos voos, com sindicatos da Administração de Segurança de Transportes e dos controladores de voo apelando ao Congresso para evitar o shutdown.

Um dos impactos imediatos da paralisação é o chamado “apagão” de dados econômicos. O Departamento de Trabalho já informou que não divulgará o relatório mensal de empregos de setembro, previsto para sexta-feira (3).

Este relatório é crucial para a compreensão do cenário econômico, e sua ausência aumenta a incerteza do Federal Reserve (Fed) na tomada de decisões sobre taxas de juros e política monetária. Os mercados de ações e de câmbio já reagiram, exibindo oscilações nos índices globais na sessão de terça-feira.

Vale lembrar que, no início do primeiro mandato de Trump, o governo enfrentou um shutdown recorde de 35 dias, que causou um prejuízo de US$ 3 bilhões no crescimento econômico, o equivalente a 0,02% do PIB norte-americano.

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