A economia brasileira iniciou o quarto trimestre com um revés inesperado em outubro, registrando uma queda de 0,2% no Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) na comparação com setembro, segundo dados dessazonalizados divulgados nesta segunda-feira (15) pelo Banco Central (BC).
O resultado, que serve como um importante sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), marca o segundo mês consecutivo de retração na atividade, reforçando os indícios de um desaquecimento em curso, impulsionado pela manutenção da política monetária restritiva do BC.
A queda contrariou a projeção média dos economistas consultados pela Reuters, que esperavam uma leve alta de 0,10% para o mês. A queda de setembro foi revisada para -0,19%, ante -0,20% informado anteriormente.
A análise setorial do IBC-Br mostrou que a agropecuária foi a única a apresentar desempenho positivo em outubro, com forte alta de 3,1% sobre setembro. Em contraste, a indústria registrou retração de 0,7% e o setor de serviços teve queda de 0,2%. Excluindo a agropecuária, o índice de atividade teria recuado 0,3%.
Os números do BC, contudo, divergem de dados de volume divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o mesmo mês. O IBGE destacou que as vendas no varejo contrariaram as expectativas, subindo 0,5% em setembro, atingindo um pico em sete meses. A produção industrial também avançou, 0,1%. O volume de serviços cresceu 0,3%.
A desaceleração da atividade ocorre em um contexto de juros elevados. Na semana passada, o Banco Central optou por manter a taxa Selic em 15% ao ano, sem sinalizar um horizonte para o início do ciclo de cortes. O BC reiterou que a manutenção da taxa nesse patamar por um período prolongado é a estratégia necessária para fazer a inflação convergir para a meta.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior (dado não dessazonalizado), o IBC-Br registrou alta de 0,4%. No acumulado de 12 meses, o ganho é de 2,5%. O PIB brasileiro já havia apresentado seu resultado trimestral mais fraco nos três meses anteriores, com um avanço marginal de 0,1%.
Apesar do resultado fraco de outubro, a pesquisa Focus, também divulgada nesta segunda-feira pelo BC, mostra que o mercado financeiro projeta um crescimento do PIB de 2,25% em 2025 e de 1,80% em 2026.
