Os Estados Unidos se preparavam nesta terça-feira para uma paralisação do governo (shutdown), com as negociações entre Republicanos e Democratas no Congresso sem perspectivas de acordo para prorrogar o financiamento federal antes do prazo final, fixado para a meia-noite (horário local).
O Senado, controlado pelos Republicanos, deve realizar uma votação em um projeto de lei de gastos temporários que já foi rejeitado uma vez, com pouca esperança de sucesso. O impasse se concentra na exigência dos Democratas de modificar o projeto para prorrogar os benefícios de saúde que expiram no final do ano para milhões de norte-americanos. Os Republicanoss insistem que esta questão deve ser tratada em legislação separada.
A iminente paralisação forçou as agências federais a divulgarem planos detalhados para o fechamento. Escritórios que realizam pesquisas científicas, atendimento ao cliente e outras atividades não consideradas “essenciais” seriam fechados, mandando milhares de trabalhadores federais para casa.
As consequências se estendem para a economia e o dia a dia do país:
- Viagens: Companhias aéreas alertaram que o shutdown pode provocar atrasos nos voos.
- Economia: O Departamento do Trabalho (DoL) informou que não divulgará seu relatório mensal de emprego, um dos principais indicadores da saúde econômica dos EUA.
O valor em questão é de US$ 1,7 trilhão, que financia as operações das agências federais e representa cerca de um quarto do orçamento total do governo.
A liderança Democrata tentou pressionar o Presidente Donald Trump a intervir. O líder democrata no Senado, Chuck Schumer, afirmou após uma reunião na Casa Branca que o presidente demonstrou interesse em prorrogar uma isenção fiscal que reduz os custos de saúde para 24 milhões de americanos. “Está nas mãos do presidente a possibilidade de evitarmos uma paralisação”, disse Schumer.
Apesar de o Vice-Presidente JD Vance ter admitido que os Democratas propuseram algumas ideias “razoáveis”, ele criticou a tática, dizendo que eles não deveriam ameaçar fechar o governo para atingir seus objetivos.
O cenário é agravado pela postura de Trump, que ameaça ampliar sua ofensiva contra servidores públicos federais caso o Congresso permita o shutdown, e sua disposição em ignorar leis de gastos aprovadas injeta mais incerteza no processo.
Qualquer acordo de última hora no Senado precisará ser aprovado pela Câmara dos Deputados, controlada pelos Republicanos, que não tem previsão de se reunir antes de quarta-feira, ou seja, após o prazo final de financiamento.
Confrontos orçamentários como este se tornaram rotineiros em Washington. A última paralisação do governo ocorreu entre 2018 e 2019, estendendo-se por 35 dias, devido a uma disputa sobre imigração.