Instituto Caramelo leva faixa e vira-lata Maria para se manifestar contra fusão entre Petz e Cobasi

Imagem: Leandro Paiva

Maria, uma vira-lata caramelo, esteve presente nesta terça-feira (12) na audiência pública realizada pela Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados para simbolizar os animais que não têm voz no debate sobre a fusão entre Petz e Cobasi. Enquanto as duas maiores redes de varejo pet convocadas não compareceram, o Instituto Caramelo levou Maria, que permaneceu na sala durante os debates, e uma faixa gigante com a hashtag #NãoAoMonopólioPet para protestar contra os riscos dessa concentração de mercado. Lançada em julho, a campanha busca alertar sobre os efeitos dessa fusão, que pode concentrar mais de 50% do mercado de produtos e serviços no setor pet. O processo segue em análise pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
 

A ausência dos representantes das duas empresas, que haviam sido convocados a participar, foi criticada durante a sessão proposta para discutir os possíveis impactos dessa união no mercado, no consumidor e no bem-estar dos animais. A deputada Gisela Simona (União-MT), que presidiu a audiência, ressaltou que a fusão poderia prejudicar a concorrência, limitando as alternativas para os consumidores e elevando os preços dos produtos e serviços. “Nosso objetivo é garantir que nada impacte a livre concorrência e a liberdade de escolha dos consumidores”, afirmou.
 

Marília Lima, responsável técnica do Instituto Caramelo, destacou que a fusão representaria um risco significativo para os animais e suas famílias. “Mesmo separadas, as empresas já apresentam uma postura monopolista na relação com a cadeia produtiva. A fusão é um risco para os nossos animais, que estão presentes em 72% dos lares brasileiros. Com o aumento de preços, muitas famílias já não conseguem arcar com os custos de manter seus pets, e a fusão pode agravar esse cenário”, alertou Marília.
 

Além de sua participação na audiência, o Instituto Caramelo tem se mobilizado intensamente contra a fusão com a campanha #NãoAoMonopólioPet. Desde seu lançamento, mais de 15 mil pessoas já assinaram o abaixo-assinado promovido pela ONG, que também conta com o apoio de dezenas de organizações, empresas e entidades do terceiro setor. A mobilização visa aumentar a conscientização sobre os riscos dessa concentração de mercado, como a elevação dos preços de rações, medicamentos e outros produtos essenciais para os animais.
 

Especialistas também se mostraram preocupados com os impactos da fusão. Juliana Pereira, presidente do Instituto de Pesquisas e Estudos da Sociedade e Consumo (IPS Consumo), afirmou durante a sessão que operações dessa magnitude podem asfixiar a concorrência. “Quero crer que o Cade vai estabelecer critérios objetivos de remédios para uma eventual aprovação de fusão. Não é uma operação qualquer, tem impactos muito fortes nos empreendedores, consumidores, pets e aqueles que trabalham na proteção dos animais”, disse.
 Guilherme Davis, empresário e presidente da Companhia da Terra, alertou para os efeitos da fusão nos pequenos e médios empreendedores. Ele mencionou que o Cade já reconheceu o risco de concentração excessiva no setor, com o faturamento combinado de Petz e Cobasi alcançando R$ 7 bilhões, enquanto as lojas menores não ultrapassam R$ 3,6 milhões. “Estou aqui como representante de 20 a 30 mil pequenos empreendedores, muitos dos quais têm receio de se manifestar contra a fusão”, declarou.

Talita Lacerda, CEO da Petlove, também se mostrou preocupada com a concentração do mercado, alertando que a fusão pode resultar na dominação de 100% do mercado em 155 cidades. “A probabilidade de um pet shop pequeno quebrar aumenta em 35% quando uma loja da Petz ou da Cobasi abre”, afirmou, destacando que o aumento dos preços pode afetar diretamente o orçamento das famílias, forçando-as a cortar itens essenciais de suas cestas de compras.

Vitor Hugo, da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), reforçou que a concorrência é um direito fundamental garantido pelo Código de Defesa do Consumidor. “O consumidor precisa ser informado para que possa exercer sua liberdade de escolha de forma plena e consciente”, ressaltou.

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