A inteligência artificial (IA) está se consolidando como um pilar estratégico no setor financeiro brasileiro, especialmente na análise e concessão de crédito. De acordo com o estudo “Evolução da IA no setor financeiro”, conduzido pela Cinnecta- empresa do grupo Matera – especializada em soluções de inteligência artificial e análise de comportamento de clientes para o setor financeiro, 50% das instituições pesquisadas já utilizam IA de alguma forma em seus processos de crédito, proporcionando vantagem competitiva em rapidez, personalização de produtos e redução de inadimplência.
O levantamento, realizado entre abril e maio de 2024 com a participação de 30 executivos de grandes bancos, bancos digitais e cooperativas de crédito, e consolidado para publicação em setembro, revela que 26,7% dos líderes entrevistados apontam a capacidade de coletar, integrar e analisar dados com precisão como o principal desafio.
Além disso, 23,3% destacam a detecção de fraudes e a gestão de riscos como áreas que exigem soluções avançadas de IA e machine learning para identificar padrões complexos em tempo real.
A análise de crédito no Brasil é fortemente baseada em dados de bureaus de crédito, utilizados por 89,7% das instituições, e no Sistema de Informações de Crédito (SCR), citadopor 44,8% dos executivos. No entanto, a integração do Open Banking está crescendo, sendo adotada por 31% das empresas do setor. Para Ricardo Ferreira, COO da Cinnecta, o avanço do Open Banking representa uma virada de chave no uso de IA.
Entre as instituições que utilizam IA, o histórico transacional do cliente é levado em consideração em 55,2% das análises, enquanto apenas 17,2% deles analisam o histórico de comportamento do cliente antes de tomar uma decisão. Segundo Ferreira, esse é um dos principais trunfos para aumentar a assertividade na concessão de crédito.
“A IA traz a capacidade de analisar dados de diferentes fontes em tempo real, padrões complexos de comportamento, ajudando as instituições a compreender melhor o momento de vida e os hábitos de consumo de seus clientes, o que resulta em decisões de crédito mais seguras e rápidas,” destaca.
O estudo também revela que 70% das equipes de crédito classificam como alta a prioridade de implementar novas tecnologias nos próximos meses, refletindo a urgência em atualizar ferramentas e metodologias para avaliar riscos e conceder crédito com mais precisão e agilidade. Apenas 3,3% dos executivos indicam que essa não é uma prioridade no curto prazo.
O estudo da Cinnecta demonstra que a IA, embora ainda esteja em processo de amadurecimento em algumas empresas, já não é mais vista como uma tendência, mas sim como uma ferramenta essencial para o futuro do setor financeiro. As instituições que liderarem esse movimento estarão mais bem posicionadas para capitalizar oportunidades de crescimento e fortalecer suas posições em um mercado cada vez mais orientado por dados.
“A inteligência artificial está redefinindo o conceito de concessão de crédito no Brasil. Instituições que souberem utilizar essa tecnologia a seu favor terão um diferencial competitivo importante em um mercado que exige rapidez, personalização e eficiência na tomada de decisões,” conclui Ferreira.