InterCement Brasil reduz emissões em 80 mil ton de CO2 ao ano com o coprocessamento de pneus  

Tecnologia permite a substituição de combustíveis fósseis tradicionais, como carvão mineral e coque de petróleo, por alternativos, e contribui para a fabricação de um cimento mais sustentável

Chips de pneu para coprocessamento. Imagem: divulgação

De acordo com a pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC) 2023 – Suplemento de Saneamento, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no final de novembro, 31,9% dos municípios brasileiros ainda utilizam os lixões para o descarte de resíduos sólidos no Brasil. Dentre esses resíduos estão os pneus, que podem demorar cerca de 600 anos para a sua decomposição, causando diversos danos, como a contaminação do solo e de lençóis freáticos e o acúmulo de água em seu interior, aumentando o risco de doenças, entre elas, a dengue.

A boa notícia é que dá para evitar todos esses problemas com técnicas como o coprocessamento. Utilizada pela InterCement Brasil, uma das principais produtoras de cimento do país, essa tecnologia permite a substituição de combustíveis fósseis tradicionais (carvão mineral e coque de petróleo) por resíduos industriais e urbanos, biomassa e pneus inservíveis e não recicláveis, para a geração de energia térmica e como matéria-prima para a fabricação do cimento.

“O coprocessamento é a melhor alternativa de destruição definitiva de pneus inservíveis. Um único forno, com capacidade de produção diária de mil toneladas de clínquer (mistura de calcário e argila, que é a base do cimento), pode consumir até cinco mil pneus por dia, o que significa a redução das emissões de gases, entre eles do efeito estufa, em 35%”, ressalta Cristiano Ferreira, Gerente de Coprocessamento da companhia. 

Somam-se a esses benefícios a diminuição de gastos e as ações de impacto social (renda para os participantes da cadeia de reciclagem), ambiental e de saúde pública, que se refletem em menos descartes em ruas, rios e em lixões, evitando a contaminação do meio ambiente e o aumento de criadouros de vetores de doenças transmitidas por roedores e mosquitos, por exemplo. 

Após serem recolhidos por usinas de beneficiamento, os pneus são triturados, separados dos metais e transformados em chips. Quando chegam à fábrica de cimento, são estocados e, em seguida, vão para a torre de aquecimento e para o forno. “A ideia da utilização de pneus no coprocessamento é reduzir a pegada de carbono, o impacto ambiental dentro da cadeia como um todo. Os combustíveis alternativos são menos poluentes do que os tradicionais e, ainda, permitem uma circularidade na coleta e no aproveitamento de resíduos”, fala Cristiano Ferreira.

Ele explica que o processo de combustão não gera cinzas e resíduos poluentes. “Tudo acontece em um ambiente controlado. É uma operação combinada, que envolve a produção do clínquer, base do cimento, sem a geração de impactos ao meio ambiente”.

A InterCement Brasil tem 10 fábricas em operação no país, que produzem mais de 8 milhões de toneladas de cimento por ano. Nesse processo, são reaproveitadas cerca de 90 mil toneladas de pneus, que evitam a emissão de 80 mil ton de CO2.

“Hoje, 30% do nosso combustível no país vem de resíduos alternativos. Continuaremos investindo continuamente, olhando para o futuro e alinhados com as metas que o nosso setor vem estabelecendo. Ou seja, na promoção e intensificação do uso de fontes renováveis de energia, na redução das emissões de micropoluentes por tonelada de clínquer, na economia circular e na substituição de combustíveis fósseis por alternativos, incluindo biomassas e resíduos, entre outros itens”, pontua o executivo.

O coprocessamento faz parte das metas de transição energética da companhia. De 2014 a 2023, a empresa investiu R$ 110 milhões, dos quais R$ 40 milhões em equipamentos e estruturas de coprocessamento e R$ 70 milhões na instalação e no comissionamento de filtro de manga na fábrica de Bodoquena (MS), em substituição ao filtro eletrostático existente desde 1993. “Nesse período, passamos de 17,5% de substituição térmica, registrados em 2014, para 28% em 2023, ou seja, um aumento de 60% de eficiência em cerca de dez anos. Isso significa que quase um terço dos nossos combustíveis vem de energias alternativas. O coprocessamento permite a redução de emissão de 300.000 toneladas de CO2 ao ano, quase mil toneladas por dia, em nossas operações”, finaliza o Gerente de Coprocessamento da Intercement Brasil, Cristiano Ferreira.  

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