A inflação oficial brasileira, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou alta de 0,18% em novembro, acelerando em relação ao avanço de 0,09% verificado em outubro. O dado, divulgado nesta quarta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta para o menor resultado para um mês de novembro desde 2018, quando houve deflação de 0,21%.
Apesar da aceleração mensal, os números surpreenderam positivamente ao ficarem abaixo das projeções de mercado; analistas consultados pela Reuters esperavam uma alta mensal de 0,20% e um acumulado de 4,49% em 12 meses. Com o resultado atual, a inflação acumula 3,92% no ano e 4,46% nos últimos 12 meses, mostrando uma desaceleração frente ao mesmo período do ano anterior.
A pressão altista no índice foi exercida principalmente pelo grupo de Transportes, com destaque para o subitem passagem aérea, que subiu 11,9% e foi responsável pelo maior impacto individual no IPCA do mês, adicionando 0,07 ponto percentual.
Outros vetores de alta incluíram a energia elétrica residencial, que avançou 1,27% devido a reajustes tarifários, e o item hospedagem. Este último chamou a atenção por uma distorção regional significativa: em Belém, as tarifas de hospedagem dispararam cerca de 178%, um reflexo direto da demanda gerada pela COP-30. Esse movimento também influenciou a aceleração do setor de serviços como um todo, que passou de uma alta de 0,41% em outubro para 0,60% em novembro.
Em contrapartida, o grupo Alimentação e bebidas atuou como a principal âncora para conter a inflação, registrando queda de 0,01% e marcando o retorno ao terreno negativo. A alimentação no domicílio recuou 0,20%, completando seis meses consecutivos de quedas.
Segundo Fernando Gonçalves, gerente do IPCA, itens essenciais na mesa das famílias apresentaram recuos expressivos, como o tomate (-10,38%) e o arroz (-2,86%). O gerente destaca que o cereal manteve uma trajetória de variações negativas ao longo de todo o ano de 2025, acumulando uma queda de 25%. Embora o índice de difusão — que mede o percentual de itens com aumento de preços — tenha subido para 64% no grupo de alimentos, o peso das quedas em produtos de maior consumo garantiu o resultado negativo geral do setor.
No cenário regional, a inflação se comportou de maneira heterogênea. Goiânia registrou a maior variação do país, com alta de 0,44%, pressionada pelos aumentos na energia elétrica e nas carnes.
Na outra ponta, Aracaju apresentou a menor variação, com deflação de 0,10%, influenciada pela queda nos preços de conserto de automóveis e da gasolina. Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para famílias com renda mais baixa, teve leve alta de 0,03% em novembro, acumulando 4,18% nos últimos 12 meses, também abaixo do patamar observado no ciclo anterior.









