A Lavoro, maior distribuidora de insumos agrícolas da América Latina e listada nos Estados Unidos, informou nesta terça-feira (9) que obteve o apoio legal da maioria de seus credores fornecedores para o seu plano de reestruturação extrajudicial. O plano abrange cerca de R$ 2,5 bilhões em dívidas comerciais e prevê um cronograma de pagamentos de dois a cinco anos.
O plano, apresentado em 18 de junho, recebeu adesão formal de empresas como Adama Brasil, UPL Brasil, FMC Agrícola, Basf, Ouro Fino e EuroChem, garantindo o quórum exigido pela lei brasileira, ou seja, o apoio de mais de 50% do valor total dos créditos elegíveis. A reestruturação se limita às operações brasileiras da Lavoro e não afeta credores financeiros, funcionários ou prestadores de serviços.
O plano de reestruturação da Lavoro organiza os fornecedores em diferentes grupos de credores, cada um com condições específicas de pagamento:
- Credores de Apoio Geral: Receberão 100% do valor principal, com juros corrigidos pelo IPCA. O pagamento será feito em 10 parcelas semestrais, de setembro de 2025 a abril de 2030. Até 10% do valor poderá ser pago em produtos.
- Credores de Apoio – Sementes: Receberão 100% do valor principal, também corrigido pelo IPCA. O pagamento ocorrerá em 5 parcelas semestrais, de outubro de 2025 a setembro de 2027.
- Credores de Apoio – Especiais: Receberão 100% do valor principal, com juros pelo IPCA. Até 20% do valor (ou 40% para créditos em dólar) poderá ser pago em produtos. O saldo será quitado em 8 parcelas semestrais, de setembro de 2025 a abril de 2029.
- Credores de Apoio – Pequenos: Receberão um pagamento único em dinheiro de até R$ 50.000. Qualquer saldo restante será perdoado.
- Credores Não Apoiadores: Receberão um pagamento único de 50% do valor do crédito, em junho de 2032, com juros corrigidos pelo IPCA.
A necessidade de reestruturação da Lavoro é resultado de um cenário desafiador no ciclo agrícola 2023/24, marcado pela queda nos preços das commodities, valorização dos insumos, seca em regiões produtoras e restrição de crédito para os produtores rurais.
Essa combinação de fatores reduziu as margens das distribuidoras e resultou em grandes estoques com valores desatualizados. A crise foi agravada pela recuperação judicial de uma grande concorrente, que gerou um efeito dominó no mercado de financiamento do setor.