Diferentemente dos últimos anos, um número expressivo de sojicultores brasileiros fechará o ano com resultados negativos, aponta a DATAGRO Grãos em sua revisão do perfil projetado para a renda dos produtores da oleaginosa na safra 2023/24.
“Apesar do recuo nos custos de produção, tivemos também a queda expressiva nos preços, ficando a possibilidade de renda positiva atrelada ao bom desempenho na produtividade – e mesmo nos casos positivos, no geral, com desempenho inferior aos três últimos anos”, comenta Flávio Roberto de França Junior, economista e líder de conteúdo da DATAGRO Grãos.
Observa-se que as variáveis que determinam a lucratividade bruta, definida através da relação entre a receita obtida, custo de produção e produtividade, pendem para o lado positivo apenas para os sojicultores que conseguirem colher bem. “No lado limitante, consideramos queda expressiva na expectativa de produtividade média, muito abaixo da expectativa inicial e do recorde do ano passado. Apesar do bom nível tecnológico, a influência de um fenômeno El Niño de forte intensidade trouxe duros impactos por conta da irregularidade das chuvas”, diz França Junior.
Foi observada expressiva retração nos custos operacionais de produção da safra 2023/24 de soja nos estados do Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul, líderes nacionais na produção da oleaginosa. Porém, esse recuo acontece sobre uma base muito elevada, depois dos fortes aumentos registrados nas safras 2021/22 e 2022/23.
Em relação à receita, analisando os três principais componentes – Bolsa de Chicago, prêmios de exportação e taxa de câmbio –, a sinalização inicial aponta preços domésticos abaixo dos excepcionais observados de 2020 a 2023, retornando para patamares aquém da média.
“Depois de 17 anos seguidos de renda dominantemente positiva aos produtores brasileiros de soja, a temporada da safra 2023/24 corre o risco de ter resultados negativos para a maioria. Só conseguirá atingir o 18º ano de lucratividade bruta favorável aqueles produtores que obtiveram sucesso na produtividade média”, finaliza França Junior.