Neste mês, o Brasil mais uma vez se une ao movimento global do Maio Amarelo, uma campanha internacional dedicada à conscientização sobre a importância de reduzir os acidentes de trânsito. Com o tema “Desacelere. Seu bem maior é a vida”, a edição deste ano reforça a urgência de atitudes responsáveis por parte de motoristas, pedestres e motociclistas, com foco na preservação da vida.
De acordo com dados alarmantes do DataSUS, o país enfrenta uma realidade preocupante: em média, uma pessoa morre a cada 15 minutos em acidentes de trânsito. Esse panorama se agrava nas rodovias federais, onde, em 2024, a Polícia Rodoviária Federal registrou 73.121 acidentes, resultando em 84.489 feridos e 6.160 mortes, um aumento de 10% no número de óbitos em comparação ao ano anterior.
Caroline Alves, head de Planejamento da DS Beline, empresa especializada em auxiliar vítimas de acidentes de trânsito na obtenção de benefícios, enfatiza que o Brasil precisa de mais do que campanhas sazonais: “O trânsito em todo o país exige um novo olhar. Mais do que campanhas sazonais, precisamos de mudanças culturais permanentes. A imprudência tem custado caro em vidas, saúde e economia. Desacelerar não é apenas sobre reduzir a velocidade do carro, é sobre valorizar a vida”.
Essa transformação no comportamento dos motoristas é crucial, considerando os números alarmantes. Segundo o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), mais de 400 mil pessoas por ano ficam com algum tipo de limitação física devido a acidentes de trânsito no Brasil. Esse dado revela a tragédia que vai além das mortes e atinge um número significativo de sobreviventes, que precisam aprender a viver com limitações físicas e emocionais.
Mais de 400 mil pessoas por ano no Brasil ficam com algum tipo de deficiência causada por acidentes de trânsito, conforme estimativas do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV).
Caroline acrescenta que a experiência com vítimas de acidentes demonstra que os efeitos não param no momento do impacto. Existem desdobramentos administrativos, jurídicos, médicos, financeiros e emocionais que podem prejudicar a capacidade de trabalho e persistir por anos. “Muitas dessas vítimas, por desconhecimento, deixam de acessar benefícios, como o auxílio-acidente ou o auxílio-doença, o que agrava ainda mais sua situação de vulnerabilidade”, explica.
O Maio Amarelo, criado em 2011 e hoje presente em mais de 30 países, utiliza a cor amarela como símbolo de alerta, semelhante ao semáforo, para lembrar a sociedade da necessidade de atenção constante no trânsito. Em 2025, o movimento promoverá ações educativas, intervenções urbanas, fóruns e campanhas culturais por todo o país, com o objetivo de incentivar atitudes seguras e o cumprimento das leis de trânsito.
Acidentes causados por distração ao volante, como o uso de celulares, representam cerca de 30% dos acidentes fatais nas rodovias federais, enquanto 30% dos acidentes fatais nas rodovias federais envolvem motoristas alcoolizados, de acordo com relatórios divulgados pela Polícia Rodoviária Federal em 2023.
Caroline destaca que o movimento vai além da conscientização; ele é um lembrete de que a prevenção começa com ações individuais, mas deve ser complementada por uma fiscalização efetiva. “Cada ultrapassagem perigosa, cada segundo de distração ao volante e cada dose de bebida antes de dirigir representam riscos reais que podem ser fatais. A prevenção deve ser prioridade, e isso começa com responsabilidade individual aliada a uma fiscalização efetiva”, afirma.
Por fim, Caroline reforça que a mensagem central do Maio Amarelo vai além de uma simples campanha de segurança. “Desacelerar não é apenas um lema de campanha, é uma convocação à empatia e à responsabilidade, com o lembrete de que ações isoladas têm impacto limitado se não houver comprometimento coletivo”, conclui.
Neste Maio Amarelo, o desafio é claro e urgente: desacelerar não é apenas uma questão de reduzir a velocidade, mas de repensar a cultura de imprudência que ainda domina as ruas. É preciso adotar atitudes mais responsáveis no trânsito, tanto por parte de motoristas quanto de pedestres e motociclistas, para que a tragédia dos acidentes de trânsito se torne cada vez mais rara. Com dados alarmantes e a crescente taxa de mortes e feridos nas rodovias e ruas do Brasil, é fundamental que a conscientização não se limite a um mês de campanha, mas que se transforme em um compromisso diário de todos. A preservação da vida deve ser prioridade, e isso começa com pequenas ações que, quando multiplicadas, podem salvar milhares de vidas a cada ano.