2024 prometia ser o ano da virada. Preciso fazer um mea culpa aqui: eu também acreditei. Entretanto, agora, temos pela frente a metade de um ano que poderia ter sido, mas não foi. Ou haverá uma grande virada, ou teremos que esperar o aquecimento em 2025. Até lá, o que fazer?
Este tem sido um ano de demandas mais pontuais. Temos um semestre desafiador pela frente, ainda. O que começou com uma perspectiva favorável em janeiro, em boa parte, não se concretizou. O atraso no corte de juros, a preocupação com o cenário fiscal do país, a eterna influência política na economia puxaram o freio de mão, e isso significa que as empresas estão contratando menos, mas também que estão investindo mais em contratações que realmente valham a pena.
O mercado de contratações se baseia em perspectivas. Nenhuma empresa se arrisca a fazer um plano agressivo de expansão se não houver garantias mínimas de que esse investimento em pessoas vai retornar em 1 ou 2 anos. Se, de um lado, as companhias estão sendo mais criteriosas em suas contratações, do outro, é possível voltar a pensar em construir carreira, investindo mais esforço nos ganhos futuros.
Estamos vendo ciclos cada vez menores de carreira, pessoas que estão deixando de construir uma história para ganhar 5, 10% a mais. Esse perfil não é favorável nem para as empresas, que precisam iniciar processos o tempo todo, e nem para os líderes, que acabam gerando menos valor para suas carreiras.
Nessa perspectiva, nem a tendência do Open Talent ganha, já que a grande maioria das nossas companhias são MPEs e é preciso uma gestão estruturada e processos básicos de governança para que um profissional possa performar em um contrato aberto, sem garantias e sem vínculo longo. Na prática, isso funciona bem em cargos mais soltos, mas no c-level, talvez precise de amadurecimento.
E é esse o ponto: ainda prevalece um perfil mais sênior nas contratações. Gestores querem alguém que os complemente, que traga a força de trabalho e o talento que lhes falta e que, somados, confiram mais força e solidez para as marcas. Vamos precisar de mais estratégia e de uma tomada de decisão certeira e rápida para superar as adversidades que pareciam estar no passado, mas seguem assombrando o mercado.
O que fazer?
Apesar do ano morno, há luz no fim do túnel! Quem está empregado e quer dar um gás na carreira para, de repente, conseguir uma promoção, precisa urgentemente investir em soft skills. Treine suas habilidades pessoais e comportamentais para ser um agente de transformação e cuide da saúde mental para trazer leveza e impactar seus times, esse perfil “coringa” é sempre bem aceito pelos pares e buscado pelos gestores.
Quem busca uma mudança na carreira, além de seguir a dica acima, precisa investir em skills mais técnicos em áreas que ajudem a diferenciar o currículo da média de mercado. Áreas como Inteligência Artificial e Gestão Humanizada estão em alta, assim como saber trabalhar dados e gerar estratégias assertivas são necessidades presentes em todos os nichos, de RH até Tecnologia, passando por Negócios, Vendas, Operações etc. Estar atualizado com essas tendências transmite sabedoria, algo que nunca será demais
Claro que a estabilidade precisa voltar, a confiabilidade no mercado precisa voltar. Mas, enquanto ela não chega, talvez seja a hora de voltar a escolher com calma e com foco no futuro. Afinal, ele sempre vem.
Quem é Marcelo Arone?
Marcelo Arone é headhunter e especialista em empresas que passam por processo de transformação e profissionalização. Há 15 anos atua com recrutamento e seleção pra alta liderança, C-Level e Conselhos. Em 2015 tornou-se Sócio Fundador da OPTME RH. Durante sua carreira já entrevistou mais de 10000 profissionais e contratou aproximadamente 400 pessoas pra mais de 130 clientes em diferentes segmentos.