Mercado de venda de carteiras inadimplentes atinge quase R$ 30 bilhões

Setor registra aumento na quantidade de empresas cedentes, além de uma mudança do perfil destas companhias

A Recovery, empresa do Grupo Itaú e líder na compra e gestão de créditos inadimplentes no Brasil, acaba de divulgar um balanço referente a 2024. Segundo levantamento da companhia, o mercado de venda de carteiras inadimplentes alcançou um total de 28 bilhões no período.

Entre as principais mudanças, observa-se a diversificação do perfil das empresas que acessam o mercado de Non-Performing Loans (NPLs) para negociar suas carteiras de dívidas. Em 2019, esse mercado tinha um volume de carteiras em atraso transacionado com apenas 16 cedentes. Naquele momento, a maior parte do valor cedido (84%) era concentrado em transações realizadas por três grandes bancos.

Porém, em 2024, o mercado de NPLs no Brasil envolveu 45 empresas, e o percentual das operações realizadas pelos grandes bancos diminuiu para 37%, em paralelo à entrada de outros segmentos, como bancos digitais e cooperativas, além de varejistas, que aumentaram suas participações na venda de carteiras de dívidas.

“O Brasil avançou passos relevantes nos últimos cinco anos no mercado de NPL e é evidente uma mudança significativa no entendimento das empresas sobre o negócio que envolve a venda de carteiras de dívidas em atraso. É um setor que capta recursos financeiros para retroalimentar a indústria de crédito, trazendo liquidez para as empresas e facilitando o processo para o devedor limpar seu nome e aumentar suas chances de voltar a ter crédito na praça. A negociação das carteiras inadimplentes funciona como um azeite nas engrenagens do crédito, porque o credor que tem uma carteira estacionada ganha a oportunidade de gerar funding para investimentos no seu próprio negócio”, aponta Plínio Ribeiro, Head Comercial e de Aquisição de Carteiras na Recovery.

Além do volume transacionado, houve uma expansão na quantidade de cedentes. Há cinco anos, apenas quatro instituições, entre financeiras, cooperativas e bancos digitais, negociaram seus ativos de crédito no setor. Já em 2024, esse número saltou para 37. 

“Gostaríamos de dar um destaque especial para as cooperativas. Embora possa parecer modesto quando se olha para o estoque de crédito das cooperativas, este representa um salto muito grande. É um mercado com potencial de crescer muito mais em 2025, porque as engrenagens estão começando a girar nesse segmento. As cooperativas estão mais propensas e abertas a esse mercado, aprenderam a fazer cessões de crédito e sentiram os benefícios dessas operações”, comenta Plinio, da Recovery.

Além disso, o segmento varejista expandiu sua participação em 2024, atingindo 26% ante 5% em 2019. As empresas de varejo que participavam desse setor eram apenas nove naquele ano e, em 2024, chegaram a 40. Essa grande diversificação dos cedentes das carteiras em atraso também se reflete numa reconfiguração do tipo de crédito negociado. É o caso das carteiras que trazem veículos como garantia de crédito, por exemplo, que em 2020 atingiram quase 1 bilhão e ultrapassaram a casa dos 4 bilhões em 2024.

Para o executivo, o cenário macroeconômico em 2025 e 2026 promete avanços maiores na negociação de ativos de crédito no País. “Com a alta da Selic e o aumento da inflação, espera-se maior endividamento de empresas e consumidores, criando um cenário favorável para o crescimento do mercado de NPLs. Nesse ambiente mais desafiador, a predisposição para a venda das carteiras inadimplentes tende a crescer e amadurecer. Pelo lado dos credores, será uma oportunidade de trazer recursos financeiros em curto prazo para suas respectivas operações e manter a concessão de crédito”, conclui.

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