Na semana passada, as negociações entre o Mercosul e a União Europeia para um acordo comercial foram retomadas, com expectativa de continuar nos próximos meses, apesar da resistência da França, conforme fontes acompanhando as discussões informaram à Reuters.
A primeira reunião entre os negociadores no Palácio Itamaraty ocorreu desde dezembro, quando as tratativas foram interrompidas pela decisão do governo argentino anterior de adiar as negociações para o novo presidente, Javier Milei.
Embora não tenha havido avanços significativos na reunião, fontes europeias e brasileiras indicaram que as conversas foram positivas, decidindo-se, assim, continuar as negociações. Uma fonte europeia comentou: “As negociações estão andando lentamente na direção certa. Mas vai levar algum tempo.”
Atualmente, o principal obstáculo é a resistência da França, que anunciou que a Comissão Europeia teria orientado a suspensão das negociações. Contudo, a Comissão negou tal direcionamento, destacando que os negociadores da UE e do Mercosul permanecem em contato, embora algumas questões relevantes permaneçam em aberto.
As preocupações francesas, expressas por agricultores contra importações e o acordo com o Mercosul, continuam a gerar controvérsias. A Comissão Europeia enfatizou que busca garantir que o acordo atenda às metas de sustentabilidade, respeitando as preocupações do setor agrícola europeu.
Fontes da UE consideraram a informação divulgada pelo governo francês como uma versão tendenciosa, enquanto o lado brasileiro negou que os negociadores tenham trazido essa questão e ressaltou que as negociações não ocorrem com países individualmente, mas com a Comissão Europeia.
Enquanto o novo governo argentino não levantou objeções às negociações, o Brasil destaca duas questões pendentes: um cronograma para a redução de tarifas de importação para carros elétricos e um sistema de conciliação em resposta à lei antidesmatamento da União Europeia, visando a proteção de exportações agrícolas acordadas. O Brasil busca um mecanismo de conciliação caso a UE invoque a lei, suspendendo as importações e, assim, garantindo o direito de reduzir cotas europeias em caso de impacto nas exportações.
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