Após anos de namoro e negociações intermitentes, a Mobly acaba de anunciar um acordo para se tornar a controladora da Tok&Stok, o que triplicará seu faturamento e poderá gerar sinergias anuais entre R$ 80 milhões e R$ 135 milhões até 2029.
O acordo foi fechado em um momento de divergências explícitas entre a SPX Carlyle, que detém 60,1% das ações da Tok&Stok, e a família Drubule, fundadora da empresa e proprietária da fatia restante. A transação foi concluída apenas com a gestora de private equity.
A participação da SPX será convertida em ações da Mobly por meio de um aumento de capital, o que dará à SPX uma fatia de 12% na empresa listada em bolsa. Isso fornecerá à SPX um veículo líquido para capturar uma eventual valorização do negócio e, eventualmente, permitir a venda de sua participação, adquirida por R$ 700 milhões em 2012.
A transação inclui um período de lock-up de dois anos para a venda das ações da SPX. Além disso, cerca de R$ 120 milhões em dívidas que a SPX tem contra a Tok&Stok, decorrentes de injeções de capital realizadas no ano passado, serão transformadas em debêntures conversíveis em ações, que poderão ser capitalizadas pelo Carlyle a R$ 9 por ação, um desconto implícito de 66% em relação à cotação atual da Mobly, de R$ 3 por ação.
“É uma união com uma complementaridade muito forte, com a Mobly tendo sua fortaleza no digital e penetração na classe média mais baixa, enquanto a Tok&Stok é sinônimo de experiência em loja e mais focada no público AB”, afirma Victor Noda, CEO e fundador da Mobly.
As conversas entre as companhias começaram em 2017, antes do IPO da Mobly e quando a Tok&Stok também cogitava sua entrada na Bolsa. Ao longo dos últimos anos, houve várias idas e vindas nas negociações, sendo que a fase mais recente teve início em janeiro de 2023 e enfrentou alguns desafios. Um dos principais obstáculos foi a atribuição de um valor justo à Tok&Stok, que está bastante endividada, e à Mobly, cujas ações têm se desvalorizado na Bolsa.
A relação de troca estabelecida foi de 4 para 1, com a Tok&Stok representando 20% da empresa combinada e a Mobly ficando com os 80% restantes. O valor atribuído à Tok&Stok na operação, a ser validado por uma empresa independente, foi de R$ 112 milhões. Atualmente, a Mobly tem um valor de mercado de R$ 330 milhões na Bolsa e possui R$ 115 milhões em caixa.
Pelo contrato firmado hoje, os Dubrule terão a oportunidade de converter suas ações da Tok&Stok em ações da nova Mobly na mesma proporção do Carlyle, embora não tenham direito de tag along garantido por acordo de acionistas. A transação será apresentada à família agora, que se tornou pública.
*Com informações da Revista Exame