As mudanças climáticas são uma preocupação global crescente e trazem impactos que ultrapassam as discussões locais. O aumento das temperaturas, a intensificação de eventos climáticos extremos e a transformação de ecossistemas já são realidade em várias regiões do mundo. No Brasil, esses efeitos são agravados pelo desmatamento e pela degradação ambiental.
Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), a temperatura média global já subiu cerca de 1,1 °C em relação aos níveis pré-industriais. O Acordo de Paris, firmado em 2015 durante a COP21, estabeleceu a meta de limitar esse aumento a no máximo 1,5 °C até o fim deste século.
No Brasil, o desmatamento segue como um fator agravante. De acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), o desmatamento na Amazônia aumentou 68% em janeiro de 2025, na comparação com o mesmo mês de 2024. Já dados oficiais do Programa Prodes/INPE apontam que o desmatamento anual na Amazônia Legal caiu 30,6% entre agosto de 2023 e julho de 2024, totalizando 6.288 km².
O especialista Lucas Ribeiro, fundador PlanetaEXO, plataforma de ecoturismo com foco em sustentabilidade e impacto positivo, reforça o papel do turismo responsável como uma alternativa concreta para proteger ecossistemas e apoiar comunidades locais. A proximidade da COP30, que será realizada em novembro de 2025 em Belém do Pará, coloca a região amazônica no centro do debate climático global e fortalece a conexão entre turismo, conservação e justiça climática.
A Amazônia tem sido um dos biomas mais impactados pelas mudanças no clima. Em 2023, o nível do Rio Negro em Manaus alcançou a marca mais baixa registrada nos últimos 100 anos: 12,7 metros. “O fenômeno, intensificado por longos períodos de seca e alterações no regime de chuvas, tem afetado diretamente a fauna aquática, a dinâmica da floresta e a subsistência de comunidades ribeirinhas”, reforça Ribeiro. Dados do Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM) indicam que as secas podem se tornar ainda mais severas nos próximos anos, comprometendo a biodiversidade e a capacidade de regeneração do ecossistema.
O Pantanal, conhecido como uma das maiores planícies alagáveis do planeta, enfrenta uma situação crítica. Em 2024, o INPE registrou um crescimento de 1.700% na área afetada por incêndios, consequência direta da estiagem prolongada e das altas temperaturas. A destruição causada pelo fogo comprometeu o habitat de diversas espécies, como onças-pintadas, araras e capivaras, além de impactar diretamente as populações que dependem da água e da biodiversidade da região para sobreviver.
O Cerrado, segundo maior bioma do Brasil, também tem sofrido alterações significativas. De acordo com estudos do World Wide Fund for Nature (WWF) e projeções do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), algumas regiões do bioma podem registrar um aumento de temperatura de até 5 °C e uma redução de até 45% nas chuvas até o final do século, caso o ritmo atual de degradação continue. “A consequência é a desertificação de áreas antes cobertas por vegetação nativa, o que afeta o equilíbrio ecológico e ameaça espécies como o lobo-guará e o tamanduá-bandeira”, comenta o especialista.
O ecoturismo e o turismo de base comunitária têm se mostrado importantes aliados na luta contra os efeitos das mudanças climáticas. A atuação de organizações, como PlanetaEXO, por meio de experiências em destinos como Amazônia, Pantanal e Cerrado, conecta viajantes a projetos de conservação, educação ambiental e geração de renda para populações tradicionais. Essas iniciativas ajudam a manter os biomas protegidos, promovem o uso responsável do território e contribuem para a regulação climática global.
“O turismo sustentável conecta a preservação da natureza ao fortalecimento das comunidades que vivem nela. É uma forma real de enfrentarmos a crise climática com soluções baseadas na natureza e no respeito aos modos de vida locais. Além disso, muitos projetos de conservação são apoiandos quando viajamos com base em roteiros sustentáveis”, afirma Lucas Ribeiro.