Discutir temas ligados à evolução sustentável da produção agropecuária brasileira: esse foi um dos principais objetivos do 2º Fórum Futuro do Agro – um evento realizado pelo Globo Rural na última segunda-feira, 13. Visando aliar tecnologia e sustentabilidade, representantes da Conscience Carbon acompanharam os debates e fóruns durante a programação, que aconteceu das 8h às 14h30.
Mudanças climáticas e pegadas de carbono foram dois pontos que chamaram atenção durante as discussões, que enalteceram a importância do investimento em ciência, inovação e tecnologia para frear os extremos climáticos no Brasil.
“Além de promover o financiamento de projetos benéficos ao clima e ao meio ambiente, a comercialização de créditos de carbono permite que empresas e nações mais poluidoras financiem ações de redução de emissões de maneira global, indiretamente, cumprindo suas metas ambientais de maneira eficaz e responsável. Nosso papel como empresa é contribuir com a mitigação dos impactos do clima, desenvolvendo projetos de geração de créditos de carbono que contemplem desde pequenas a grandes áreas que podem estar situadas nos diferentes biomas brasileiros. Atuamos, ainda, na gestão e comercialização desses créditos, visando soluções baseadas na natureza”, destacou a diretora financeira da Conscience Carbon, Lilian Monteiro.
Novos caminhos
A engenheira agrônoma e chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, Ana Paula Contador Packer, afirmou que enxerga na agricultura de baixo carbono um caminho para o Brasil se diferenciar e liderar mudanças do setor para cumprir as exigências dos mercados internacionais em relação à sustentabilidade e à rastreabilidade de produtos agrícolas.
“Hoje, a gente tem uma possibilidade muito grande nesse fervilhar para desenhar a pegada de carbono da agricultura. Trata-se de um trabalho um pouco grande se pensarmos que temos que traçar isso para as diferentes culturas: soja, milho, trigo, seringueira, pecuária … Teremos que trabalhar em conjunto com os setores público e privado, além das universidades, para traçar essas estratégias como uma política pública para o Brasil”, comentou a engenheira.
Ao ser questionada sobre as metodologias, principalmente referentes ao dimensionamento do carbono, a profissional destacou a importância de haver uma inversão no processo de certificação, concedendo autonomia para novos sistemas.
“Estamos em um momento de mapeamento do Brasil. Existem vários estudos sendo realizados para agregar dados referentes à metodologia de diversas maneiras. Já com relação à agricultura, vai haver uma definição de como o Brasil vai se portar a frente desse mercado de carbono – o que já está sendo discutido por uma câmara técnica. Vai precisar haver essa inversão. Hoje, olhamos muito para o que a Verra faz e estamos aí para trabalhar isso, em métricas e com rastreabilidade, como a Embrapa e outras instituições vêm fazendo. Aí sim, daremos as cartas no mercado de carbono”, afirmou Ana Paula.
Para a presidente da Conscience Carbon, bióloga Adriana Oliveira, embora o setor do agronegócio brasileiro enfrente desafios, existe um horizonte promissor no âmbito do mercado de créditos de carbono.
“Olhando adiante, é possível prever um crescimento na adoção de práticas agrícolas regenerativas e sustentáveis, estimuladas pela demanda por créditos de carbono e, também, por uma maior consciência ambiental e pela pressão de consumidores e investidores. Inovações tecnológicas, como a agricultura de precisão e a biotecnologia, prometem ser elementos-chave para ampliar a eficiência do sequestro de carbono e trazer ganhos ambientais significativos. Espera-se também que o mercado financeiro desempenhe um papel fundamental, com a oferta de produtos e serviços que incentivem investimentos em sustentabilidade”, avaliou.