Já é ampla a conscientização sobre a necessidade de reduzir as emissões de CO2 para combater as mudanças climáticas, mas a sociedade e lideranças mundiais não querem pagar o preço de agir. Assim se manifestou o CEO da SCA Brasil, Martinho Seiiti Ono, em debate sobre políticas de estado para estimular o crescimento do setor sucroenergético durante o 17º Congresso Nacional de Bioenergia, promovido pela União Nacional da Bioenergia (UDOP) em Araçatuba (SP).
O assunto está em pauta desde a histórica ECO-92, realizada no Rio de Janeiro, e em inúmeros encontros e COPs nos últimos 30 anos, frisou Ono, destacando que no caso do Brasil, muitas medidas já estão implementadas e gerando resultados: “O país tem um protagonismo evidente em relação, por exemplo, à adoção consolidada de energias renováveis, como o uso de 100% de etanol nos 32 milhões de veículos flex que circulam no Brasil, lembrando que mesmo os carros movidos a gasolina usam 27% de etanol anidro no combustível”.
Ono acrescentou o uso da bioeletricidade produzida a partir do bagaço de cana nas usinas sucroenergéticas, assim como o programa RenovaBio e a emenda constitucional EC 125, que obriga a tributação dos biocombustíveis a ser menor do que para combustíveis fósseis. “Para evoluir mais, precisamos garantir maior previsibilidade e segurança jurídica, sem interferências políticas como nas recentes mudanças tributárias sobre combustíveis fósseis, ou a que ocorreu envolvendo o RenovaBio”, acrescentou Ono.
O executivo da SCA Brasil chamou a atenção para o crescimento na oferta de etanol de milho, argumentando que é “natural que o produtor faça a opção pelo produto de maior remuneração”. Ele lembrou que nos últimos 10 anos, a prioridade tem sido a produção de açúcar em detrimento do etanol. Ele observou ainda que o Brasil apresenta todas as oportunidades de manter seu protagonismo e liderança em relação ao uso de biocombustíveis, tanto no mercado doméstico quanto suprindo o mercado externo.
“Particularmente neste período de transição energética, não faltam oportunidades a serem exploradas em relação a outros segmentos importantes, como os combustíveis sustentáveis para a aviação, ou SAFs, e para a marinha”, concluiu.
O painel contou com palestra de abertura do sócio-diretor do Pecege Consultoria e Projetos, Haroldo José Torres, e do diretor da Bioagência, Tarcilo Ricardo Rodrigues, como debatedor. O evento contou com 280 palestrantes, moderadores e debatedores e recebeu mais de 1.800 congressistas, que participaram de 13 salas temáticas e um painel magno. No total foram mais de 120 horas de conteúdo.