Na pauta dos Conselhos

É fato que a adoção de práticas ESG são desafiadoras, mas também são significativas as oportunidades de criação de valor que elas proporcionam e, por isso mesmo, não devem ser subestimadas.

Frequentemente, as práticas ESG exigem investimentos significativos em conformidade regulatória, implementação de novos sistemas e processos, bem como auditoriais, consultorias especializadas, treinamentos e certificações. Esses investimentos, podem aumentar as despesas operacionais no curto prazo, mas, frequentemente, podem ser justificadas pelos benefícios de longo prazo, como a mitigação de riscos e a proteção da imagem e reputação da empresa.

Pela teoria do valor compartilhado da economia de stakeholders, as organizações deverão gerenciar adequadamente seus riscos ESG, mitigando seus impactos negativos, ao mesmo tempo que geram impactos positivos e criam valor de longo prazo para um conjunto de partes interessadas.

Com isso, rentabilidade, mitigação de riscos, competitividade e resiliência continuam importantes, mas ganham importância também atributos ambientais, sociais e de governança corporativa nas decisões de investimentos.

Se no passado, a poluição era percebida por todos como um mal indesejável, mas necessário ao desenvolvimento, acarretando degradação ambiental. Na atualidade, com três crises planetárias – emergência climática, perda da biodiversidade e poluição – a poluição é entendida como um recurso produtivo desperdiçado, matéria-prima cara e mal utilizada – gerando resíduos e efluentes – necessitando de economia circular. Sem contar que é um recurso mal preservado para as gerações futuras, dada a necessidade de conservação da biodiversidade.

Para se ter uma ideia, o Banco Mundial estima que a economia global poderá perder US$ 2,7 trilhões até 2030 se serviços ecossistêmicos chave entrarem em colapso. Nesse sentido, não integrar o capital natural aos negócios implica em risco operacional e estratégico, que pode interromper operações e tirar empresas do mercado (Pereira, 2024).

Desafios complexos, exigem soluções complexas e, por isso mesmo, a composição dos conselhos deve ter maior foco em diversidade e competências socioemocionais. Para que atuem como agentes de transformação e catalisadores da adaptabilidade e da agilidade das organizações, os conselheiros devem ter uma disposição para questionar, ouvir ativamente, respeitar outras visões, ousar, desaprender e reaprender será condição essencial para explorar novas formas de gerar valor e viabilizar as transformações necessárias (IBGC, s.d.)

Daí, tão importante quanto a diversidade nos conselhos, tem-se a importância dos comitês de assessoramento e auditorias internas – independe das linhas de operação -, com reporte direto ao Conselho de Administração.

O Conselho de Administração é o órgão máximo da estrutura de Governança Corporativa, sendo responsável pela orientação geral dos negócios da Companhia e pela supervisão da gestão de seus diretores.

Suas atribuições também incluem deliberar sobre políticas, planos de investimentos, orçamentos anuais, programas estratégicos e de expansão da companhia, metas de desempenho, assegurando que a gestão identifique, mitigue e monitore riscos da organização, além de aprovar demais assuntos propostos pela Diretoria Executiva.

Por todas essas atribuições, a pluralidade nos conselhos permite que o senso crítico seja elevado, com menos vieses inconscientes. Ademais, organizações que investem em diversidade e inclusão possuem novos produtos, serviços e processos mais arrojados, uma vez que equipes plurais são mais propensas a considerar um amplo conjunto de perspectivas, melhorando o processo de tomada de decisão.

Logo, para assessorar o Conselho de Administração, é recomendado que a companhias invistam na composição de Comitês de Assessoramento, para que suas decisões sejam mais assertivas, além de apoiá-los na implementação de estratégias, supervisão e fiscalização da Diretoria Executiva.

Isto porque, empresas que não gerenciam adequadamente seus riscos ESG podem enfrentar ações judiciais e sanções, sem contar a perda de imagem e reputação perante a sociedade. Por outro lado, segundo o relatório “A diversidade como alavanca de performance”, da consultoria Mckinsey, empresas que têm como pilar a disseminação da diversidade e inclusão garantiram um lucro 35% maior do que empresas que não têm compromissos com a temática. Sem contar que aumentam a atração e retenção de talentos e, portanto, têm mais vantagem competitiva e capacidade de adaptação ao mercado (Faculdade Exame, 2024).

Referências Bibliográficas:

Faculdade Exame. Diversidade e Inclusão: como promover um ambiente organizacional mais inclusivo, 29/08/2024.  Disponível em: https://exame.com/hub-faculdade-exame/diversidade-e-inclusao/

IBGC. Agência Positiva de Governança: Conselhos do Futuro. Disponível em: https://www.agendapositivadegovernanca.com/ Pereira, H. Capital Natural: riscos e geração de valor. Way Carbon: 26/09/2024. In: https://blog.waycarbon.com/2024/09/capital-natural-riscos-e-geracao-de-valor/?utm_campaign=newsletter_waycarbon_-_setembro_2024&utm_medium=email&utm_source=RD+Station

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