A terceira edição do relatório “Porcos em Foco: Monitor da Indústria Suína Brasileira” foi divulgada, nesta sexta-feira (17), pela ONG internacional Sinergia Animal. A publicação traz uma análise das 16 maiores produtoras e processadoras de carne suína do Brasil e as suas políticas de bem-estar animal, avaliando o progresso do setor para acabar com práticas que causam sofrimento animal.
Ao todo, as empresas avaliadas representam cerca de 70% da produção nacional de carne suína. Oito empresas foram avaliadas pela primeira vez nesta edição, incluindo Marfrig, Minerva, Nutribras e Ecofrigo, ampliando a abrangência do monitoramento e reforçando o compromisso com a transparência na cadeia produtiva.
Entre os principais avanços, o relatório destaca a Frimesa como a que apresentou mais políticas de bem-estar animal neste ano, subindo da categoria F para C no ranking após comprometer-se a banir procedimentos dolorosos em leitões — corte e desbaste de dentes, corte de orelhas e castração cirúrgica. A BRF, a Pamplona e a JBS seguem liderando o ranking com 15 pontos cada, mantendo-se na categoria B.
Já a Aurora retrocedeu dois pontos e caiu da categoria D para a E. Na contramão de seus concorrentes, a empresa ainda não sinalizou a intenção de banir corte de orelhas e nem de adotar o sistema “cobre e solta” para novas unidades, ambas práticas já adotadas pela BRF e JBS.
“Apesar de ser a terceira maior produtora de carne suína do Brasil, a Aurora vem apresentando um desempenho muito abaixo das expectativas. É preocupante que uma empresa deste porte siga perpetuando práticas que causam sofrimento intenso e prolongado a milhares de animais, como o uso contínuo das gaiolas de gestação. A indústria suína brasileira tem a oportunidade de liderar pelo exemplo, adotando práticas alinhadas às expectativas globais de bem-estar animal”, aponta Cristina Diniz, diretora da Sinergia Animal no Brasil.
O uso de antibióticos em animais saudáveis está diretamente ligada ao aumento da resistência antimicrobiana — uma ameaça que pode causar até 10 milhões de mortes por ano no mundo até 2050, segundo a Organização Mundial da Saúde. “O setor precisa reconhecer que a resistência antimicrobiana não é apenas uma questão técnica, mas uma crise ética e de saúde pública. Políticas que restrinjam o uso de antibióticos a casos de real necessidade são um passo imprescindível para proteger não apenas os animais, mas também a sociedade”, afirma Diniz.