Nvidia e AMD terão de repassar 15% das vendas de chips para China aos EUA

Em uma medida incomum e polêmica, as gigantes de tecnologia Nvidia e AMD concordaram em repassar 15% da receita das vendas de chips avançados para a China ao governo dos Estados Unidos. A informação foi divulgada por uma autoridade norte-americana no último domingo (10), e sinaliza a mais recente intervenção do presidente Donald Trump em decisões corporativas.

A decisão surge após o governo Trump ter suspendido a venda dos chips H20 para a China em abril, alegando preocupações com segurança nacional. No entanto, o Departamento de Comércio começou a emitir novas licenças para a retomada das vendas.

A administração do presidente Donald Trump tem utilizado a imposição de tarifas como uma ferramenta estratégica com múltiplos objetivos. A política visa principalmente a combater o que a gestão considera desequilíbrios na balança comercial dos Estados Unidos.

Além disso, as tarifas são empregadas para repatriar a produção industrial para o território americano, incentivando empresas a trazerem de volta a fabricação de produtos que haviam sido transferidos para outros países. Outra finalidade é pressionar governos estrangeiros a alterarem suas políticas comerciais, buscando concessões e acordos que, na visão da administração, sejam mais favoráveis aos interesses econômicos dos EUA.

Em comunicado, a Nvidia confirmou que segue “as regras estabelecidas pelo governo dos EUA para nossa participação nos mercados mundiais”, mas não comentou diretamente sobre o pagamento de 15%. A AMD e o Departamento de Comércio não responderam a pedidos de comentário.

A medida levanta questionamentos entre especialistas. Geoff Gertz, do Center for New American Security, criticou a decisão: “Ou a venda de chips H20 para a China é um risco à segurança nacional e, nesse caso, não deveríamos estar fazendo isso, ou não é um risco à segurança nacional e, nesse caso, por que estamos aplicando essa penalidade extra à venda?”.

Essa intervenção faz parte de uma série de pressões de Trump sobre executivos para priorizar investimentos nos EUA. Na semana passada, ele chegou a exigir a renúncia imediata do novo CEO da Intel, Lip-Bu Tan, por seus laços com empresas chinesas. A China, por sua vez, já acusou os EUA de usarem questões comerciais para “conter e suprimir maliciosamente” o país.

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