O papel das empresas no século XXI

Não, não está fácil para ninguém, mas, conforme a 6.ª edição do Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa, do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), a organização não é uma entidade isolada e, sim, inserida em um contexto de interdependência com suas partes interessadas, com a sociedade e com o meio ambiente.

Dito isso, não é possível e, nem justo, que o mundo leve 134 anos para atingir a paridade de gênero, segundo o relatório “Global Gap Report 2024”, do World Economic Forum.

A UNESCO acredita que todas as formas de discriminação baseadas em gênero são violações de direitos humanos, bem como um obstáculo significativo à realização da Agenda 2030 da ONU.

Com isso, as organizações empresariais precisarão desempenhar um novo papel na história da humanidade, mais atentas às demandas e anseios dos tempos atuais. Muitas vezes, a “ficha cai”, apenas quando esse líder vira pai e, ao educar sua filha, deseja que ela tenha as mesmas condições de empoderamento de carreira.

A sustentabilidade corporativa traz à tona justamente isso, a contribuição do mercado para a sustentabilidade e o termo ESG (do inglês, ambiental, social e governança corporativa) não é um conceito em si, mas um acrônimo adotado pelo mercado para destacar um conjunto de práticas e ferramentas que serve para avaliar a sustentabilidade corporativa. (IBGC Orienta, 2022).

Então, a pergunta que fica é: a sua organização tem alguma meta de paridade de gênero, à exemplo, do Movimento Ambição “Elas Lideram 2030” da ONU?

Qual é o percentual de mulheres em cargos de Liderança?

Qual é o percentual de mulheres no quadro funcional da sua organização?

Qual é o percentual de mulheres em cargos de alta liderança?

Não, mas não é só isso. A situação é muito pior, quando incorpora as interseccionalidades, ou seja, a sobreposição de fatores sociais que definem a identidade de uma pessoa e a forma como isso irá impactar sua relação com a sociedade e seu acesso a direitos. Aqui, estamos falando de mulheres negras, mulheres trans, mulheres com deficiência ou mesmo preconceito com base na sua idade (etarismo).

Então, por que é tão difícil promover o princípio máximo da Constituição Federal de que todas as pessoas são iguais perante a lei?

A noção de igualdade é inseparável da dignidade humana essencial a cada e a todas as pessoas. Por outro lado, o preconceito afeta a saúde mental da pessoa, porque ela tende a ficar em isolamento, não se sente confortável no ambiente onde ela é basicamente rejeitada por ser como é, podendo até levá-la à depressão, porque a cada vez que a pessoa pensa em fazer algo, essas questões interiorizadas surgem e elas são acometidas pelo sentimento de inadequação, insuficiência ou não pertencimento.

Daí a importância da representatividade que promove a inclusão, a igualdade e a diversidade criando sociedades mais justas e equitativas. Sem contar o impacto significativo na autoestima, na identidade e na auto aceitação dessas pessoas de grupos vulnerabilizados, permitindo que se sintam validadas, representadas e, principalmente, pertencentes.

Com isso, ciente do papel das empresas para o crescimento das economias e para o desenvolvimento humano, a ONU Mulheres e o Pacto Global criaram os Princípios de Empoderamento das Mulheres. Os Princípios são um conjunto de considerações que ajudam a comunidade empresarial a incorporar em seus negócios valores e práticas que visem à equidade de gênero e ao empoderamento de mulheres.

Como?

  1. Pelo estabelecimento de liderança corporativa sensível à igualdade de gênero, no mais alto nível;
  2. Tratamento de todas as mulheres e homens de forma justa no trabalho, respeitando e apoiando os direitos humanos e a não-discriminação;
  3. Garantindo a saúde, segurança e bem-estar de todas as mulheres e homens que trabalham na empresa;
  4. Promovendo a educação, capacitação e desenvolvimento profissional para as mulheres;
  5. Apoiando o empreendedorismo de mulheres e promovendo políticas de empoderamento das mulheres através das cadeias de suprimentos e marketing;
  6. Promovendo a igualdade de gênero através de iniciativas voltadas à comunidade e ao ativismo social;
  7. Medindo, documentando e publicando os progressos da empresa na promoção da igualdade de gênero (ONU Mulheres Brasil).

Empoderar mulheres e promover a equidade de gênero em todas as atividades sociais e da economia são garantias para o efetivo fortalecimento das economias, o impulsionamento dos negócios e a melhoria da qualidade de vida de mulheres, homens, crianças, e para o desenvolvimento sustentável.

Estes princípios estão relacionados aos:

ODS 5 – Igualdade de gênero

ODS 8 – Trabalho decente e crescimento econômico

ODS 10 – Redução das desigualdades

ODS 17 – Parcerias e meios de implementação (ONU Mulheres Brasil et.al, 2021).

Referências:

IBGC Orienta. Boas Práticas para uma Agenda ESG nas Organizações, 2022. PDF.

IBGC. Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa – 6.ª edição. Agosto de 2023.

ONU Mulheres Brasil. Empresas: Princípios do Empoderamento das Mulheres.

ONU Mulheres Brasil. ONU Mulheres, UNOPS e Ministério Público do Trabalho lançam série de vídeos sobre desigualdades de raça e gênero no mundo do trabalho. 10/12/2021. 

Pacto Global Rede Brasil. 1 ano de Ambição 2030: Relatório 2022 – 2023. 

Unesco. Igualdade de gênero.

World Economic Forum. Global Gender Gap 2024. Insight Report June 2024. 

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