Por Fabrício Debortoli
Você sabe o que é uma empresa verdadeiramente íntegra? Em um primeiro momento, a resposta pode parecer simples. Afinal, todas as empresas deveriam ter essa característica em sua essência, seguindo corretamente as leis, buscando a harmonia e sinergia entre suas diversas partes e funções.
Entretanto, para considerar uma empresa verdadeiramente íntegra, não é possível simplificar o assunto desta forma. Afinal, existem alguns critérios que precisam ser cumpridos para considerar que uma companhia realmente merece esse título. De nada vale uma empresa se portar como íntegra, e praticar “greenwashing”, por exemplo.
Um levantamento da Harris Poll em parceria com a Google Cloud mostrou que 58% dos CEOs admitem que suas empresas praticam “greenwashing”. Esse termo consiste em promover discursos em defesa da sustentabilidade e do meio ambiente, mas não os aplicar na prática. Isso evidencia como a prática ESG tem sido utilizada de maneira superficial por muitas empresas e CEOs.
A integridade vai além das relações internas e se estende aos parceiros, fornecedores e clientes. Uma empresa integrada estabelece relações colaborativas com suas partes interessadas, construindo laços de confiança e promovendo a transparência em todas as interações. Isso não apenas fortalece os vínculos, mas também contribui para uma cadeia de valor mais eficiente.
No aspecto tecnológico, uma empresa verdadeiramente integrada utiliza sistemas e plataformas que permitem uma troca de dados fluida entre diferentes áreas, otimizando processos e reduzindo barreiras operacionais. A inovação é incentivada, e a tecnologia é vista como uma ferramenta estratégica para melhorar a eficiência e a agilidade organizacional.
Além disso, a integração se estende aos valores e à cultura da empresa. Valores éticos, responsabilidade social e sustentabilidade não são apenas conceitos, mas são incorporados ativamente nas práticas comerciais diárias. A empresa integra preocupações sociais e ambientais em sua estratégia de negócios, demonstrando um compromisso genuíno com a responsabilidade corporativa.
Em linhas gerais, uma empresa verdadeiramente integrada é aquela que unifica seus componentes internos e externos em torno de uma visão compartilhada, fomentando a colaboração, transparência, eficiência operacional e responsabilidade em todas as suas atividades. Essa abordagem não apenas fortalece a empresa, mas também contribui para um ambiente de negócios mais sustentável e bem-sucedido.
Uma empresa verdadeiramente íntegra precisa trabalhar em cima da Lei nº 12.846/2013. Conhecida como a Lei Anticorrupção Empresarial, que traz regras sobre a “responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira”.
Cumprindo um papel disciplinar, a lei deixa claro a responsabilidade das empresas e as penalidades sofridas em caso de descumprimento das regras determinadas pelos legisladores, tanto no âmbito administrativo quanto judicial.
Além disso, a lei cria o Cadastro Nacional de Empresas Punidas. Conhecido pela sigla CNEP, esse instrumento serve para reunir e dar publicidade para as sanções aplicadas.
Transparência e ESG
Aqui surge um outro ponto importante para uma empresa verdadeiramente íntegra: a transparência.
A transparência se converte em uma aliada imprescindível para a dinamização do seu desenvolvimento sustentável; logo, tornando-se um espaço com mecanismos de total transparência e disseminação de informações de interesse público, fortalecendo a sua responsabilidade e o seu compromisso pela busca incansável das melhores práticas de gestão e o respeito pelas relações de confiança.
Isso, aliás, está interligado com os conceitos de compliance e, claro, ESG. No mundo atual, uma empresa verdadeiramente íntegra é avaliada também por suas iniciativas e programas relacionados com boas práticas empresariais, o que envolve o comprometimento com a sociedade.
Esse comprometimento interfere até mesmo na decisão dos investidores, que utilizam essas informações para investir (ou não) em uma determinada empresa.
Um estudo da Consultoria Refinitiv apontou que das empresas listadas dentre as 500 maiores pela Standards & Poors, as empresas com bom desempenho em temas ESG tiveram perdas menores durante a pandemia de COVID-19 em cerca de um terço, quando comparadas àquelas com piores desempenhos em indicadores ambientais, sociais e de governança.
Vale lembrar que atualmente diversos países estão adotando políticas rigorosas sobre o assunto, proibindo até mesmo o investimento ou aquisição de produtos de companhias relacionadas com o desmatamento ou que possam causar danos ao meio ambiente.
Também interligado ao tema ESG, é importante destacar a postura ética nos negócios, lidando de forma transparente, responsável e honesta com clientes e parceiros comerciais. Além disso, políticas corporativas para a boa convivência entre os colaboradores são essenciais para uma empresa verdadeiramente ética. Nesse contexto, inclusão e promoção da igualdade precisam fazer parte do debate.
Seguindo esses fundamentos, é possível construir um ambiente positivo e realmente íntegro.