Não tem sido fácil o papel atual das lideranças. O “business as usual”, agora é outro. Foi se o tempo do velho ditado “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Ainda mais quando se trata das novas gerações que estão ressignificando o conceito de sucesso.
Sim, antes bastava ter bons produtos a preços competitivos. Hoje, isso não é mais suficiente, pois além de bons produtos a preços competitivos, outra variável tem permeado o ideário das novas gerações, o impacto.
Mudanças perceptuais: se antes a poluição era percebida como um mal indesejável, mas necessário ao desenvolvimento, mesmo que causando algum tipo de degradação ambiental. Hoje, a poluição é percebida como um recurso desperdiçado, matéria-prima cara, mal utilizada – gerando resíduos e efluentes (necessitando uma economia circular), bem como um recurso mal preservado para as gerações futuras (necessidade de conservação da biodiversidade).
Sob a ótica dos negócios, os desafios globais associados à sustentabilidade, seria no sentido de identificar estratégias e práticas que contribuam para um mundo mais sustentável e simultaneamente direcionem valor ao acionista.
Com isso, uma empresa sustentável é aquela que contribui com o desenvolvimento, gerando simultaneamente, benefícios econômicos, sociais e ambientais, conhecidos como o tripé da sustentabilidade.
Logo, a função social das empresas refere-se à responsabilidade que as organizações têm em contribuir positivamente para a sociedade e o meio ambiente em que operam. Isso implica que as empresas não devem visar, exclusivamente, o lucro, mas também considerar os impactos sociais e ambientais de suas atividades. A função social envolve desde a criação de empregos, o pagamento de impostos, o respeito aos direitos dos trabalhadores, a promoção da diversidade e inclusão, bem como a adoção de práticas sustentáveis que, minimizem seus impactos negativos e maximizem seus impactos positivos, em consonância com os objetivos do desenvolvimento sustentável, especificamente, aqueles mais aderentes ao seu negócio.
Isso só será possível com boas práticas de governança corporativa, tal qual uma governança que inspira, inclui e transforma, como a proposta pela Agenda Positiva de Governança, recomendada pelo IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa). Essa agenda incorpora as profundas mudanças pelas quais as organizações têm passado desde 2020 – por motivações econômicas, sociais, políticas e sanitárias – na tentativa de conscientizar os líderes de empresas dos mais diversos tipos, de que a boa governança corporativa cria e preserva valor não só para a organização, mas para todos aqueles que, direta ou indiretamente, com ela interagem ou por ela são afetados, os chamados stakeholders. (IBGC, s.d.)
Com isso, estamos falando de uma mudança de mindset, uma transformação cultural, tendo uma inversão de valores. Se antes, tínhamos na base da pirâmide, os combinados da relação, ou seja, os processos. Hoje, ao ingressarem em uma empresa, os jovens querem saber qual o propósito das organizações. Ou seja, se o propósito da empresa está coerente com o seu propósito individual, suas crenças e valores.
Tão importante quanto, tem se o cuidado das relações, ou seja, o cuidado, o pertencimento, a inclusão, a escuta e o diálogo, pois para gerar engajamento, é necessário mais do que palavras bonitas descritas na missão da empresa. Eles precisam fazer parte da cultura corporativa.
Essa cultura é gerada a partir das mensagens verbais e não-verbais recebidas pelas pessoas a respeito do que se é valorizado na organização. Não adianta uma empresa se intitular como inclusiva, se não há grupos minorizados em posição de liderança.
Esse cuidado das relações, traz nova imposição. Da mesma forma que gerenciamos produtos e processos, por que não fazer a gestão da cultura organizacional?
Definindo focos estratégicos, a partir do foco estratégico definindo comportamentos prioritários da cultura organizacional, com foco no engajamento e desenvolvimento de lideranças, alinhando processos e símbolos (metas e métricas), com engajamento e desenvolvimento de colaboradores e, por fim, o monitoramento para uma retroalimentação de todo o processo.
Isso porque, bons relacionamentos são a alma dos negócios. Nenhum negócio prosperará se não houver esse alinhamento do ‘walk to the talk’. Ainda mais em tempos de tecnologias da informação e de comunicação. É pagar para ver!