Um estudo publicado nesta terça-feira (22/10) indica que o Brasil pode atingir o ano de 2050 com emissões de cerca de 102 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e) no setor de energia, o que representa uma redução de cerca de 80 % em relação às emissões atuais, sem depender de soluções questionáveis como captura e armazenamento de carbono (CCS) e sem a necessidade de aumentar a produção de combustíveis fósseis.
Por outro lado, se as tendências atuais do setor de energia forem mantidas, mesmo com compromissos positivos relacionados à produção de biocombustíveis e ao aumento de fontes renováveis, as emissões do setor de energia brasileiro poderão chegar a 2050 com 558 milhões de toneladas de CO2e , superando o pico registrado em meados da década passada. Em 2022, as emissões do setor foram de 490,6 milhões de toneladas de CO2e, de acordo com dados do SEEG/Observatório do Clima.
A iniciativa propõe uma série de medidas que, ao longo de 26 anos, poderia atender à demanda de energia no Brasil, mesmo com um crescimento médio do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,1% ao ano, e ainda garantir uma transição para um cenário de baixo carbono.
Entre as medidas sugeridas estão a eliminação dos subsídios governamentais para combustíveis fósseis (como petróleo, gás natural e carvão mineral) e mudanças na Petrobras, além de ajustes no modelo de desenvolvimento energético do país. Se essas ações forem inovadoras, o Brasil poderá reduzir suas emissões em 102 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO₂e) no setor de energia até 2050.
A rede de organizações do OC propõe diretrizes em áreas como transportes de carga e de passageiros, produção de combustíveis e biocombustíveis, indústria e geração de eletricidade. Também são abordadas questões como as perspectivas para a produção de hidrogênio verde, o fechamento de termelétricas a carvão, o crescimento das fontes eólica e solar e o papel das térmicas a gás fóssil em médio e longo prazos.
De acordo com os pesquisadores, além de contribuir para uma economia de baixo carbono, as diretrizes apontadas no estudo permitiriam a superação da pobreza energética e a correção de injustiças, tornando também a produção de energia mais eficiente. “Focamos na descarbonização necessária no quadro de crise que se configura no Brasil e no planeta e na justiça climática”, destaca Suely Araújo, coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima.
Os resultados previstos a partir dos compromissos defendidos pelo Observatório do Clima (OC) são comparados aos obtidos em um cenário tendencial, que busca projetar as emissões para os próximos anos com base nas tendências atuais. Para isso, foram analisados os compromissos – tanto positivos quanto negativos – reforçados pelo poder público, com foco nos programas do governo federal e nas legislações em discussão no Congresso. Além disso, foram consideradas as tendências de mercado e os planos estratégicos de empresas como a Petrobras.
Assim, a redução dessas emissões deverá ser relativamente lenta até 2040, com o aumento do uso de biodiesel, eletrificação parcial, concentrada em caminhões médios e leves, e aumento de eficiência. A partir de 2040, contudo, a redução de emissões deve se acelerar com a maior inserção do diesel verde.
*Com informações da Agência Brasil