A recente e acelerada alta nos preços das ações e de outros ativos globais elevou a vulnerabilidade dos mercados a um colapso repentino, dadas as atuais incertezas econômicas e geopolíticas. O alerta foi emitido nesta segunda-feira (13) pelo Conselho de Estabilidade Financeira (FSB), órgão de monitoramento de riscos do G20 que reúne bancos centrais e reguladores financeiros.
Em uma carta endereçada aos ministros do G20, o presidente do FSB, Andrew Bailey, destacou que as avaliações atuais dos mercados podem estar em “desacordo com o cenário econômico e geopolítico incerto”, o que cria um ambiente propício para um “ajuste desordenado”. A carta, datada de 8 de outubro, foi divulgada às vésperas das reuniões do G20 que ocorrem nesta semana em Washington.
A preocupação do FSB ganha relevância em meio a tensões geopolíticas renovadas. O alerta surgiu poucos dias antes de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçar impor “tarifas massivas” à China em retaliação às restrições chinesas sobre exportações de terras raras. Tal movimento provocou, recentemente, a maior queda de Wall Street em quase seis meses, sublinhando a fragilidade do ambiente financeiro global.
Além da disparidade entre as valorizações de ativos e o cenário macroeconômico, Bailey chamou a atenção para a alta contínua dos níveis de dívida soberana, ressaltando que as vulnerabilidades no sistema financeiro global permanecem elevadas.
Diante dos riscos crescentes, o presidente do FSB reforçou a necessidade de cooperação multilateral e anunciou uma mudança no foco de atuação do órgão. O FSB passará a priorizar o monitoramento e a implementação das reformas financeiras globais já acordadas, em vez de se concentrar no desenvolvimento de novas políticas. Bailey concluiu que a eficácia dessas medidas “depende de sua implementação oportuna, consistente e abrangente em todas as jurisdições”.
O G20, ou Grupo dos Vinte, é um fórum de cooperação econômica internacional que reúne as principais economias desenvolvidas e em desenvolvimento do mundo. Ele serve como o principal palco para a coordenação de políticas globais em temas que vão desde a estabilidade financeira e econômica até questões como desenvolvimento sustentável, clima e saúde.
O grupo é composto por 19 países e dois blocos regionais, totalizando 21 membros:
- Países: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia.
- Blocos Regionais: União Europeia e União Africana (esta última foi admitida em setembro de 2023).
O G20 representa, em conjunto, cerca de 85% do Produto Interno Bruto (PIB) global, dois terços da população mundial e 75% do comércio global.