Os primeiros seis meses da economia brasileira foram de negatividade, o principal índice da bolsa brasileira (IBOVESPA) acumulou uma queda de 7,66% (aproximadamente 10.000 pontos), o pior número desde o primeiro semestre de 2020 e o quarto pior desde 2011. Na análise de resultados das bolsas de valores ao redor do globo, o Ibovespa teve a pior performance, chegando a atingir perdas de até 10,5% durante o período. Além disso, o dólar avançou 15,7% no período, batendo a casa dos R$5,59.
Esses resultados negativos derivam de situações internas e externas. No cenário local, o governo segue em uma linha de descontrole de gastos, aumentando a carga tributária e em pé de guerra com o Banco Central e sua tentativa de controle inflacionário com a taxa Selic.
Já no exterior, os Estados Unidos sofre com uma persistência inflacionária, resultado dos aumentos salariais, por uma empregabilidade praticamente plena na economia americana; consequentemente, o Federal Reserve (Banco Central dos EUA), atrasou o início do corte de juros, mantendo-os no maior patamar em 20 anos, entre 5,50% e 5,25% a.a..
“Hoje, a bolsa brasileira já assume prejuízo de quase 8% em relação ao início do ano; o dólar está num patamar de R$5,60; as contas públicas para 2025 já estão previstas para fechar no vermelho, se nada acontecer. Tudo isso resulta, numa curva futura de juros mais alta, ou seja, os juros futuros brasileiros estão mais altos do que no início do ano, a inflação futura brasileira também segue os mesmos passos”, comenta o assessor de investimentos, Lucas Sharau.
Efeitos dos juros americanos
No final do ano passado, era esperado que a inflação americana tivesse demonstrado maior controle, e como consequência, os juros estadunidenses pudessem iniciar o ciclo de cortes, no entanto os números seguem um pouco distantes da meta, marcando 2,6% nos últimos 12 meses.
Outro ponto direto de influência é sobre os investimentos estrangeiros no Brasil. Com dólar valorizado, investidores buscam confiança e rentabilidade, podendo investir na gama de opções do mercado americano. Com essa situação, nesses primeiros seis meses do ano, mais de R$40 bilhões de investimentos estrangeiros deixaram o Ibovespa.
A bola de neve fiscal
Um grande personagem nesse enredo econômico é o governo brasileiro, que aumentou drasticamente os seus gastos públicos, e consequentemente, necessitou de um aumento de arrecadação. Com o crescimento dos gastos, há um avanço da máquina pública, tudo isso somado resulta numa maior projeção para a inflação, por sua vez, os preços aumentam no cotidiano do brasileiro.
“Aumentando o preço, gera mais inflação. Com maior inflação, o Banco Central tende a aumentar os juros para manter o grau de investimento do Brasil. Não é necessariamente aumentar, mas manter num patamar elevado por mais tempo para evitar que o Brasil perca o seu atual grau de investimento, e consequentemente tenha completo descontrole do seu câmbio, e principalmente da sua inflação”, finaliza Lucas.