Na última quinta-feira (22), o Paraná declarou situação de emergência por conta da estiagem que se prolonga desde o final de 2024. Apenas para a safra de 2023-2024, o estado registrou perdas em suas safras de mais de R$10 bilhões, com prejuízos, em especial, para o cultivo de soja, milho e trigo.
Para enfrentar o cenário agravado pelas mudanças climáticas e pela ocorrência de incêndios, o Paraná tem se mobilizado para ampliar o uso da irrigação no agronegócio. Segundo dados do Governo do Estado, o Paraná possui 170 mil hectares de área irrigada, apenas 3% da área utilizada para lavouras.
“O Paraná é uma das referências do agronegócio no Brasil, mas os números de irrigação ainda são baixos. Nos últimos três anos, os produtores têm sofrido com a falta de regularidade e a má distribuição de chuvas pelo estado, com longos períodos de estiagem, especialmente por conta das mudanças climáticas. Com isso, a irrigação se apresenta como uma oportunidade para evitar perdas de safra e manter e até mesmo ampliar a produtividade”, destaca Juan Latorre, gerente comercial sul da Lindsay, líder mundial em tecnologia para irrigação no agronegócio. Segundo ele, projetos de irrigação bem desenvolvidos podem aumentar a produtividade em até 30% e permitem que os produtores possam realizar até três safras ao ano.
Para ampliar esse número, diferentes iniciativas surgiram desde o ano passado. No mês de agosto, o governador do Paraná, Ratinho Junior, anunciou o programa Irriga Paraná, que visa investir R$200 milhões em programas de irrigação, sendo R$150 milhões em linhas de crédito subsidiadas pelo poder público, com o objetivo de aumentar em 20% as áreas irrigadas no estado. No início de maio, também foi anunciado o reconhecimento do Polo de Agricultura Irrigada do Noroeste do Paraná, o primeiro do estado e o 18º do Brasil.
“O polo é reconhecido como uma região do Brasil que traz desenvolvimento socioeconômico através da implantação dos sistemas irrigados e que ajuda a desenvolver toda a cadeia do agronegócio local. Essa articulação colabora com temas de interesse dos produtores como a infraestrutura, a logística e a regulamentação, considerando o tripé da sustentabilidade econômica, social e ambiental de maneira organizada e estruturada”, afirma Priscila Sleutjes, engenheira agrônoma, produtora rural, diretora da Associação Brasileira de Irrigação e Drenagem (ABID) e uma das responsáveis pela articulação do polo no noroeste do Paraná.
Priscila pondera que um polo de irrigação permite que agricultores, empresas e associações possam acessar os governos estadual e federal e possam ampliar a viabilidade dos projetos de irrigação para os produtores da região. Para isso, o comitê gestor busca apoiar o acesso a linhas de crédito e a superar questões de regulamentação, como a licença ambiental e outorga para o uso da água e o fornecimento de energia em áreas remotas.
“A criação do polo e os incentivos governamentais colaboram para ampliar o movimento de disseminação dos projetos de irrigação no estado em um momento em que o produtor tem sofrido com as mudanças climáticas. A irrigação amplia a segurança para o produtor e funciona como uma espécie de seguro para o produtor rural quando a chuva não vem. Os projetos bem estruturados de irrigação também ampliam a produtividade das terras, colaborando para diminuir a abertura de novas áreas e para promover um melhor uso dos recursos hídricos”, detalha a especialista.
O gerente da Lindsay ainda explica que a elaboração de projetos de irrigação faz parte de um longo ciclo de vendas, uma vez que são customizados para cada cliente.
“Eles levam em consideração o tipo de cultura, a topografia, as condições climáticas, disponibilidade de água e energia, questões de infraestrutura, entre muitos outros fatores. Por isso, também existe um trabalho de aproximação e de conscientização dos produtores sobre a importância desse investimento”, afirma Latorre. Com o momento de expansão da irrigação no estado, a Lindsay tem ampliado o número de revendas e tem realizado um trabalho com cooperativas da região para ampliar o número de projetos de irrigação.
“Já temos percebido um aumento na procura de produtores interessados em implantar novos projetos. Enxergamos um grande potencial de crescimento da irrigação no estado para os próximos anos”, ressalta. No ano passado, o governador Ratinho Junior também esteve na sede da Lindsay, no estado de Nebraska, Estados Unidos, para conhecer as tecnologias da empresa, buscar investimentos do estado e realizar um acordo para o envio de equipamentos para escolas agrícolas do estado.