Pequim anuncia suspensão parcial de tarifas sobre produtos agrícolas dos EUA

Estado de SP abre inscrições e vai capacitar pequenos negócios interessados em vender para o exterior

Exporta SP recebe inscrições até 31 de julho Bancos de imagens

A China confirmou nesta quarta-feira que irá suspender algumas das tarifas retaliatórias sobre importações dos Estados Unidos, um desdobramento direto da reunião de líderes realizada na semana passada. No entanto, o anúncio, que busca aliviar as tensões comerciais, veio com uma ressalva importante para o agronegócio: as importações de soja dos EUA ainda estarão sujeitas a uma tarifa de 13%.

A comissão tarifária do Conselho de Estado chinês anunciou que eliminará, a partir de 10 de novembro, as tarifas de até 15% impostas a alguns produtos agrícolas americanos. Contudo, o governo chinês optou por manter as taxas de 10% introduzidas em resposta às tarifas conhecidas como “Dia da Libertação” impostas pelo presidente Donald Trump.

O alívio foi sentido por investidores de ambos os lados do Pacífico, após o encontro entre o presidente Trump e o líder chinês, Xi Jinping, na Coreia do Sul. A reunião ajudou a atenuar os temores de que as duas maiores economias do mundo pudessem abandonar as negociações para resolver a prolongada guerra tarifária que tem causado interrupções significativas nas cadeias de suprimentos globais.

Embora Trump e a Casa Branca tenham rapidamente divulgado sua versão sobre os acordos da reunião, o lado chinês demorou a fornecer um resumo detalhado. “De forma geral, é um ótimo sinal que ambos os lados estejam fazendo progressos rápidos para colocar o acordo em prática”, comentou Even Rogers Pay, diretor da Trivium China, sediada em Pequim. Para ele, o movimento “demonstra que eles estão alinhados e que o acordo provavelmente se manterá.”

Apesar do corte em algumas tarifas, o cenário para a soja americana permanece desafiador. Os compradores chineses ainda enfrentam a tarifa de 13%, um custo que, segundo traders internacionais, continua a tornar o produto dos EUA muito caro em comparação com as alternativas sul-americanas. “Não esperamos que a demanda da China retorne ao mercado americano com essa mudança,” disse um operador de uma empresa de comércio internacional, ressaltando que “O Brasil é mais barato que os Estados Unidos”.

Após o encontro dos líderes, a Casa Branca havia divulgado que a China se comprometeria a comprar um mínimo de 12 milhões de toneladas métricas de soja dos EUA nos últimos dois meses de 2025, e pelo menos 25 milhões de toneladas em cada um dos três anos subsequentes. No entanto, Pequim ainda não confirmou publicamente esses números, e o mercado aguarda sinais concretos de compras em larga escala.

Importadores chineses, inclusive, aproveitaram recentemente a queda dos preços na América do Sul, adquirindo 20 carregamentos de soja brasileira, que está mais competitiva. A soja brasileira com embarque em dezembro, por exemplo, está cotada com um prêmio de US$ 2,25 a US$ 2,30 por bushel acima do contrato de janeiro em Chicago, enquanto a soja americana da Costa do Golfo é cotada a US$ 2,40 por bushel.

Em um aparente gesto de boa vontade antes da reunião da semana passada, a estatal COFCO realizou as primeiras compras da safra americana deste ano. Em 2024, a China adquiriu apenas cerca de 20% de sua soja dos EUA, uma queda expressiva frente aos 41% registrados em 2016, ano anterior ao início do primeiro mandato de Trump. A prática de Pequim de ignorar as colheitas americanas neste ano devido às tarifas causou perdas bilionárias aos agricultores dos EUA.

Em reunião com uma delegação comercial agrícola americana na terça-feira, Li Chenggang, principal negociador comercial da China, atribuiu as “flutuações” no comércio agrícola bilateral às tarifas americanas, conforme resumo divulgado pelo Ministério do Comércio chinês.

Sair da versão mobile