Um levantamento inédito da Companhia de Estágios, líder em recrutamento e seleção de estagiários, trainees e jovens aprendizes, realizado em parceria com a Opinion Box, averiguou o impacto do programa jovem aprendiz no seu público-alvo principal, estudantes de baixa renda, que desejam entrar no mercado de trabalho formal sem experiência prévia.
A pesquisa indica que, para 57% dos atuais jovens aprendizes, os salários oferecidos nos programas têm grande peso na composição da renda familiar. Quando o enfoque é em jovens de classes sociais mais baixas (D e E), este percentual é ainda mais elevado, subindo para 70%.
O levantamento também mostra que a participação na aprendizagem é algo que marca a vida desses jovens: entre aqueles que já participaram, metade (51%) tem a intenção de retornar ao programa, e os principais motivos para isso estão vinculados ao desejo desses jovens em adquirir mais experiências profissionais (53%) e por acreditarem ser a forma mais fácil de ingressar no mercado de trabalho (41%).
“O programa expõe o jovem de baixa renda a aprendizados práticos, no dia a dia na empresa e teóricos, através da capacitação semanal”, diz Tiago Mavichian, CEO e fundador da Companhia de Estágios. “Somada ao salário e benefícios que ajudam na renda familiar, a iniciativa tem potencial de transformar por completo as perspectivas profissionais desses jovens, aumentando as chances de efetivação e do acesso ao ensino superior, por exemplo.”
Realizada com o objetivo de compreender a percepção e busca de jovens por esta modalidade de contratação, a pesquisa foi feita entre 5 e 25 de maio de 2025, alcançando 3.263 respondentes para perguntas com respostas estimuladas. Com margem de erro de 1,7 pontos percentuais e intervalo de confiança de 95%, o levantamento abrange o Brasil todo, com predominância das regiões sudeste, nordeste e sul. Os respondentes da pesquisa são o público de jovens interessados em oportunidades de entrada no mercado de trabalho. Entre os entrevistados, 29% é jovem aprendiz, 26% já participou do programa e 45% nunca foi, mas gostaria de ser.
A pesquisa aponta como prioridade destes jovens o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, constatação confirmada por 96% dos respondentes. Mas isto não significa que esta geração não esteja interessada em trabalho e desenvolvimento. Contrariando este senso comum, a maioria (87%) demonstra interesse em se dedicar ao máximo ao trabalho para conquistar bens como casa própria e carro.
Eles apontaram como principais motivos para ser um jovem aprendiz: desejo de adquirir experiência profissional (59%), ingresso fácil no mercado de trabalho (46%), apoio na renda familiar e custeio dos estudos (41%) e conhecimento da área de atuação (19%).
Quando questionados sobre a Inteligência Artificial, metade deles revelaram não temer perder o emprego para a tecnologia e 28% ainda não desenvolveu um posicionamento forte sobre o assunto. Um total de 82% deles também afirma não ter dificuldades para trabalhar com pessoas mais velhas.
Quando questionados sobre onde mais procuram vagas de jovem aprendiz, responderam: aplicativos e plataformas de divulgação de vagas (54%), sites de consultorias especializadas (52%), redes sociais (Linkedin e Instagram) e grupos de estágio e jovem aprendiz (22%).
A maioria (76%) também acredita que os aprendizes deveriam receber os mesmos benefícios que os demais colaboradores da empresa e 88% que a extensão desses benefícios aos jovens aprendizes ajudaria na construção da sensação de pertencimento à empresa. Na prática, os dados indicam o posicionamento do mercado para o assunto.
Num recorte dos jovens que estão participando de um programa de aprendizagem, 82% deles afirmam receber outros benefícios, além do salário nas empresas em que trabalham. Os principais benefícios recebidos por eles são: vale-refeição e vale-alimentação (88%), vale-transporte (85%), assistência médica (49%), assistência odontológica (47%) e academia (47%). Isso mostra que, embora de acordo com a lei da aprendizagem, apenas o vale-transporte seja um benefício obrigatório para o programa social, tem sido comum que as empresas estendam para os aprendizes muitos dos benefícios concedidos aos demais colaboradores.
Considerando um recorte da pesquisa de quem deseja atuar como jovem aprendiz, mas ainda não conquistou uma vaga, os principais benefícios desejados são: vale-refeição e vale-alimentação (76%), vale-transporte (58%), home office (43%), serviços de academia (43%) e assistência médica (41%).
Entre os entrevistados que têm entre 18 a 24 anos, que dão continuidade aos estudos, a maioria (68%) frequenta instituições de ensino superior privado, seja por causa da rotina de trabalho e estudo ou por outros motivos como a dificuldade em ingressar em universidades federais ou estaduais.
Embora ainda seja cedo para definir um perfil profissional da Geração Alfa — composta por pessoas nascidas entre 2010 e 2024 ou 2025, já é possível observar algumas tendências iniciais ao analisar um recorte da pesquisa com jovens de 14 a 17 anos. Esses adolescentes, na transição entre as gerações Z e Alfa, estão majoritariamente no ensino médio e nos primeiros contatos com o mundo do trabalho, principalmente por meio de programas Jovem Aprendiz.
Entre eles, 89% frequentam instituições de ensino público com foco no ensino médio. Quanto à inserção no mercado, 21% são atualmente jovens aprendizes, 8% já participaram de algum programa e 71% não têm essa experiência, mas gostariam de ter. Entre os que são aprendizes, a pesquisa revelou ainda que 67% dos jovens dessa faixa etária desejam ser efetivados.
Esse grupo também se mostrou mais receptivo a contar com a presença dos pais na entrevista de emprego: 48% disseram não ver problema nisso.
O receio em relação à substituição por inteligência artificial é ligeiramente maior entre esses adolescentes: 28% dos adolescentes de 14 a 17 anos afirmaram ter essa preocupação, frente a 22% do total de respondentes. Por outro lado, a maioria (76%) disse não ter dificuldade em trabalhar com pessoas mais velhas.
A intenção de empreender se destaca nesse público, especialmente entre os jovens das classes D e E ou que ainda estão em idade escolar: 80% manifestam vontade de empreender no futuro, ante 64% dos jovens com mais de 18 anos.
Em relação ao futuro, 78% dos adolescentes dessa faixa etária têm interesse em ingressar na universidade. Embora esse índice seja alto, é ligeiramente inferior ao registrado no total da amostra (82%).
No momento de buscar uma vaga de trabalho, os adolescentes dessa faixa etária mostram uma abordagem menos direcionada. Entre eles, apenas 26% procuram vagas de jovem aprendiz alinhadas à futura carreira, enquanto 41% buscam qualquer vaga disponível. Já no público geral, esses índices são de 35% e 33%, respectivamente.
“É importante destacar que estamos em um momento de transição de gerações. Muitas características da Geração Z são parecidas com as da Geração Afa, mas algumas tendências já podem ser observadas. Foi notado há alguns meses um movimento entre os jovens, principalmente os que têm entre 12 e 17 anos, falando sobre o desejo crescente de empreender, o que foi comprovado na pesquisa. Ambientes, portanto, que ofereçam esse desafio, estimulem o intraempreendedorismo, por exemplo, atrairão a atenção dos mais jovens”, observa Tiago Mavichian.
Paralelo ao trabalho prático nas empresas, conforme a Lei da Aprendizagem (Lei nº 10.097/2000), o programa Jovem Aprendiz inclui um curso teórico como etapa obrigatória de formação, que tem como objetivo desenvolver conhecimentos técnicos e habilidades profissionais.
Entre os jovens que participaram do programa mas não fazem mais parte dele, 7 em cada 10 realizaram a formação teórica de modo presencial. Apenas 15% fizeram a formação em EAD e outros 15% fizeram em ambas as modalidades.
Apesar da predominância do formato presencial na experiência passada, o estudo revela uma forte crença na modalidade EAD: 63% dos respondentes concordam que a possibilidade de treinamento por EAD possibilita um maior engajamento e retenção do conhecimento por parte dos jovens aprendizes. Apenas 12% discordam, e 25% são neutros.