Uma nova rodada de negociações entre a Petrobras e as entidades sindicais pode colocar fim à paralisação nacional dos petroleiros, que já dura oito dias. A Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e o Sindipetro RJ confirmaram estar reunidos com representantes da estatal nesta segunda-feira (22), com a expectativa de que a empresa apresente uma nova contraproposta para o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). O movimento teve início no dia 15, após os trabalhadores rejeitarem os termos oferecidos pela companhia na semana anterior.
Enquanto o diálogo tenta avançar, o impacto financeiro da greve atinge cifras bilionárias. De acordo com cálculos do economista Cloviomar Cararine, do Dieese, a Petrobras acumula perdas diárias estimadas em R$ 200 milhões. Apenas na primeira semana, a produção sofreu uma queda acumulada de aproximadamente 300 mil barris de petróleo e gás. A estatal, que afirma manter-se aberta ao diálogo, ainda não comentou oficialmente os valores ou a nova proposta.
O prejuízo está concentrado em dois pilares principais da companhia. Na área de Exploração e Produção (E&P), a redução de extração custa cerca de US$ 18 milhões por dia (R$ 100 milhões). Já no segmento de refino, as perdas são estimadas em R$ 90 milhões diários. Esses valores não contabilizam os danos em subsidiárias como Transpetro, TBG e PBio, o que sugere que o impacto total no caixa da petroleira pode ser ainda mais profundo.
Sindicatos e especialistas apontam que o agravamento da crise decorre de uma postura rígida da gestão da Petrobras. Segundo Sérgio Borges, coordenador-geral do Sindipetro-NF e diretor da FUP, a falta de uma negociação efetiva tem prolongado o conflito desnecessariamente.
Para o Dieese, os dados preliminares coletados diretamente nas unidades operacionais desmentem a tese da empresa de que as paralisações não teriam impacto direto nas receitas, evidenciando falhas no plano de contingência da estatal.
O mercado financeiro reagiu com cautela ao prolongamento da paralisação. No início da sessão, os papéis da estatal apresentaram volatilidade, refletindo a preocupação dos investidores com as perdas de R$ 200 milhões por dia e a queda na produção de 300 mil barris. Contudo, a notícia de que a diretoria da Petrobras se reuniu com a FNP e o Sindipetro RJ para apresentar uma nova proposta trouxe um suporte para as ações, que passaram a operar próximas à estabilidade, aguardando o desfecho das negociações.









