O Brasil registrou novos pisos históricos de pobreza e miséria em 2024, impulsionados pelo aquecimento do mercado de trabalho e pela manutenção dos programas de transferência de renda. Segundo a Síntese dos Indicadores Sociais (SIS) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, 8,6 milhões de brasileiros deixaram a pobreza e 1,9 milhão saíram da miséria em apenas um ano.
Em 2024, a população na pobreza (renda per capita de até R$ 694 mensais ou cerca de R$ 23,13/dia) representava 23,1% da população. Já o contingente de miseráveis (renda per capita de até R$ 218 mensais ou menos de R$ 7,27/dia) correspondeu a 3,5% da população total.
Segundo a Síntese dos Indicadores Sociais (SIS), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país encerrou o ano com 48,9 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza, o que corresponde a 23,1% da população, e 7,4 milhões em situação de pobreza extrema, equivalente a 3,5% dos brasileiros.
Os critérios utilizados seguem as recomendações do Banco Mundial e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, baseados na Paridade de Poder de Compra (PPC). Em 2024, a linha de pobreza foi definida para quem vive com até US$ 6,85 por dia (aproximadamente R$ 694 mensais), enquanto a extrema pobreza abrange aqueles com renda inferior a US$ 2,15 por dia (cerca de R$ 218 mensais). O IBGE destacou que, embora o Banco Mundial tenha atualizado suas linhas recentemente, os dados da pesquisa já haviam sido processados com os parâmetros anteriores, ficando a atualização para a próxima edição.
A análise dos dados revela uma dinâmica distinta nas causas dessa melhoria: o dinamismo do mercado de trabalho foi o fator preponderante para a redução da pobreza geral, enquanto os benefícios sociais foram cruciais para o combate à miséria. As simulações indicam que, sem os programas de transferência de renda, a extrema pobreza teria atingido 10,0% da população em vez de 3,5%. Já a pobreza, sem esses auxílios, seria de 28,7% em vez dos efetivos 23,1%, o que demonstra que a renda do trabalho tem um peso maior para retirar as famílias da pobreza moderada, mas o amparo estatal é indispensável para os mais vulneráveis.
Essa evolução resultou também na queda da desigualdade de renda. O Índice de Gini do rendimento médio domiciliar recuou para 0,504, o menor da série histórica iniciada em 2012. O rendimento médio da população cresceu 4,9%, atingindo R$ 2.017, com um aumento real de renda em todas as faixas, mas significativamente maior entre os 10% mais pobres (13,2%) do que entre os 10% mais ricos (1,6%). Contudo, o abismo social persiste, visto que os 10% mais pobres ainda vivem com apenas R$ 248 mensais per capita.
Geograficamente, a redução da vulnerabilidade ocorreu em todas as grandes regiões, mas as desigualdades regionais permanecem marcantes. O Nordeste, que abriga 26,9% da população brasileira, concentra mais da metade (50,3%) das pessoas em extrema pobreza e 45,8% dos pobres do país. Além disso, a vulnerabilidade é acentuadamente maior nas zonas rurais, onde 43% da população vive em situação de pobreza, quase o dobro da proporção verificada nas áreas urbanas (20,4%).









