Os clientes dos bancos de varejo na América Latina afirmam que a política de investimento do seu banco é o elemento mais importante das suas credenciais de “financiamento sustentável”, de acordo com uma pesquisa realizada em seis países pela Sherlock Communications. Quando questionados aos latino-americanos o que esperavam de um banco que afirma ser sustentável, 43% em toda a região disseram que a clareza em torno da política de investimento do banco era crítica, mais do que qualquer outro elemento. No Brasil, 38% consideram a transparência importante.
Além de ser o elemento mais importante das reivindicações de sustentabilidade de um banco, 81% dos entrevistados (sendo 83% dos brasileiros) afirmaram que os bancos devem informar os seus clientes sobre a forma como estão a utilizar os seus fundos de depósito. No entanto, apenas 27% dos respondentes brasileiros sentem que os seus bancos já forneçam informações claras sobre como investem o seu dinheiro, com outros 8% a reportarem que “sentem que os bancos partilham esta informação, mas tendem a colocá-la sem destaque no meio de outros textos.”
Apenas 6% dos entrevistados em toda a América Latina e 5% no Brasil relataram que não se importam com a forma como os seus bancos investem o seu dinheiro. “Este levantamento mostra muito claramente que existe uma grande lacuna entre as expectativas dos clientes relativas à transparência dos bancos de suas políticas e carteiras de investimento e a forma como os bancos estão realmente comunicando isso”, afirma Patrick O’Neill, sócio-gerente da Sherlock Communications.
“A pesquisa mostra que uma proporção significativa de latino-americanos acredita que seus bancos deveriam usar suas políticas de investimento para criar uma mudança no comportamento das empresas – e não apenas daquelas que estão claramente operando à beira da ilegalidade, mas também daquelas que estão ativas em indústrias que têm um impacto ambiental negativo”, afirma Pedro Gerhardt, sócio-gerente da consultoria de sustentabilidade Kaapora Finance.
Embora a grande maioria dos entrevistados tenha afirmado que as empresas deveriam ser excluídas do crédito por estarem ligadas ao crime organizado (80%), aquelas que causam desastres ambientais (80%) e aquelas ligadas ao trabalho infantil (78%). No Brasil os números apresentados respectivamente na pesquisa foram: 89%, 89% e 86%. No entanto, também houve surpreendentemente forte apoio ao corte do crédito a algumas indústrias tradicionais. Por exemplo, 49% de todos os entrevistados acreditam que os seus bancos não deveriam financiar empresas petrolíferas, enquanto 51% acreditam que as empresas de fast fashion também deveriam ser barradas de crédito.
“A mobilidade das contas aumentou na América Latina nos últimos anos, impulsionada pelas fintechs e pelas inovações regulatórias em torno do sistema bancário aberto e das agências de crédito positivo. Já se foi o tempo em que os grandes bancos de varejo da região tinham contas “cativas” de clientes e este levantamento mostra que os vencedores desta nova era de mobilidade bancária serão os bancos que tenham políticas de investimento fortes – e que consigam comunicar essas políticas de uma forma claro e digerível”, finaliza Gerhardt.