Preço recorde de café estimula novas áreas de produção no Brasil

Preços estão em uma escalada desde 2023, mais que dobrando de valor

Os preços recordes do café canéfora estão incentivando produtores no Brasil a expandir suas áreas de cultivo e a investir na renovação de cafezais mais antigos, substituindo-os por plantas mais produtivas, além de outras melhorias, como sistemas de irrigação, de acordo com fontes do setor produtivo ouvidas pela Reuters.

Como resultado, a produção de mudas de café da espécie canéfora, que inclui as variedades robusta e conilon, não está conseguindo atender à demanda nos principais estados produtores, como Rondônia e Espírito Santo, além de outras regiões.

O Brasil, que é o maior produtor de café do mundo quando se consideram as duas espécies, arábica e canéfora, ocupa a segunda posição global, atrás do Vietnã, na produção de canéfora. No entanto, os produtores brasileiros estão aproveitando a menor oferta do país asiático para conquistar novos mercados de exportação, o que está estimulando o aumento da produção local.

“Já faz algum tempo que o pessoal vem plantando bastante café canéfora, mas agora, com essa alta dos preços, virou uma loucura. Recentemente estive no Acre e conversei com viveiristas que disseram que estão na capacidade máxima de produção de mudas,” afirmou o pesquisador da Embrapa Rondônia, Enrique Alves, à Reuters.

No Espírito Santo, o maior produtor de conilon do Brasil, mas que também produz a outra espécie, cafeicultores em algumas áreas estão substituindo as lavouras de arábica pelas de canéfora, de olho também em sua maior produtividade.

Fabiano Tristão, coordenador de cafeicultura do Instituto Capixaba de Pesquisa, afirma que essa troca ocorre nas chamadas áreas “limítrofes”, já que a canéfora não se adapta bem a terras muito altas, enquanto o arábica é cultivado acima de 500 metros até 1.200 metros de altitude.

Enquanto a área plantada em produção com conilon cresceu cerca de 14% no estado desde 2018, atingindo 263 mil hectares, o total plantado de arábica no Espírito Santo no mesmo período recuou 18%, para 128,4 mil hectares, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

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