Racismo ambiental e o impacto das crises climáticas nas comunidades marginalizadas

Enquanto eventos climáticos extremos se tornam cada vez mais comuns, populações negras, indígenas e quilombolas sofrem os piores impactos

Imagem: divulgação

Na semana do Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, emerge um debate urgente e essencial: o racismo ambiental. O conceito, que liga injustiças ambientais às questões de raça e pobreza, reflete uma realidade bastante presente em todo o mundo, a de que comunidades historicamente marginalizadas são as mais vulneráveis a eventos climáticos extremos. 

“O racismo ambiental acontece quando vemos a relação clara entre raça, pobreza e as injustiças ambientais. São os grupos marginalizados, como negros, indígenas e quilombolas, que vivem nas regiões mais frágeis e com menos acesso a infraestrutura básica, como saneamento e água”, explica Gustavo Loiola, especialista em ESG e Gerente de Projetos Educacionais no PRME – iniciativa do UN Global Compact.

De acordo com ele, essa vulnerabilidade não é uma coincidência, mas o resultado de um racismo estrutural e sistêmico. “Essas comunidades foram historicamente excluídas dos processos de decisão e construção de políticas públicas. E essa ausência de participação ativa no legislativo, executivo e judiciário perpetua a falta de representatividade e reforça as desigualdades”, afirma.

Além disso, os eventos climáticos extremos, como enchentes e secas, tendem a amplificar as desigualdades sociais. “O tempo de recuperação econômica e social para comunidades negras e marginalizadas no Brasil é notavelmente mais longo, como vimos no caso recente das enchentes no Rio Grande do Sul, o que agrava a desigualdade já existente”, destaca. O especialista pontua ainda que essas situações de emergência colocam em evidência a importância de desenvolver políticas públicas inclusivas que promovam equidade no acesso a recursos e infraestrutura resiliente. 

“O ESG deve transcender o ambiente corporativo e pressionar por ações políticas que incluam e protejam as populações mais vulneráveis. Isso envolve não apenas a criação de espaços sustentáveis, mas garantir que essas comunidades sejam ativamente incluídas no planejamento urbano e no desenvolvimento de políticas ambientais”, diz. “A meta é criar um modelo de governança que priorize tanto a proteção ambiental quanto a justiça social, equilibrando desenvolvimento econômico com respeito aos direitos das comunidades historicamente marginalizadas”, complementa Gustavo Loiola. 

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