A Raízen, maior produtora de etanol de cana-de-açúcar do mundo, busca locais em território brasileiro para a construção de uma fábrica de combustível de aviação sustentável (SAF), que será produzido à base do etanol. O projeto visa erguer a segunda unidade do tipo no mundo, com a síntese de pelo menos 793 mil galões americanos do combustível.
“Não há óleo de cozinha usado ou sebo suficiente disponível no mundo para produzir todo o SAF que é demandado. Estudamos até mesmo o local e as condições que são necessárias para construí-lo”, afirmou o vice-presidente da companhia, Paulo Neves, nos bastidores da CERAWeek, evento voltado para energia que ocorre em Houston, nos Estados Unidos.
Para a construção da fábrica, a Raízen afirmou que precisa de um parceiro para assegurar a tecnologia da operação. A companhia, portanto, explora locais ao redor do país e empresas dispostas a entrar no negócio. A primeira unidade com produção comercial de SAF é da LanzaJet Inc, localizada em Soperton, na Geórgia – a instalação deve gerar 9 milhões de galões do combustível no primeiro ano de operação, de acordo com o Departamento de Energia dos Estados Unidos.
Potência internacional
O Brasil pode se tornar um polo na produção de combustível sustentável para a aviação, de acordo com estudo feito pela Roundtable on Sustainable Biomaterials (RSB), junto da fabricante Boeing. Foi calculado que o país pode gerar até 9 bilhões de litros.
“Só com os resíduos já conseguiríamos suprir a demanda de querosene de aviação nacional, ou seja, pode gerar um excedente para exportação e para suprir demandas já anunciadas por Estados Unidos e União Europeia, por exemplo”, diz Laís Forti Thomaz, professora da Universidade Federal de Goiás e pesquisadora da Rede Brasileira de Bioquerosene e Hidrocarbonetos Sustentáveis para Aviação (RBQAV).