Pela primeira vez na história, as fontes de energia renováveis geraram mais eletricidade do que o carvão globalmente no primeiro semestre de 2025. A conclusão é de um relatório divulgado nesta terça-feira (7) pelo think tank Ember, que atribui a virada ao rápido crescimento da energia limpa em países como China e Índia.
Segundo o relatório, a geração de eletricidade por fontes renováveis (eólica e solar) atingiu 5.072 terawatts-hora (TWh) entre janeiro e junho, superando os 4.896 TWh gerados pelo carvão. A redução na geração a carvão, que emite o dobro de dióxido de carbono do gás natural, é considerada vital para o alcance das metas climáticas globais.
“Estamos vendo os primeiros sinais de uma reviravolta crucial”, disse Małgorzata Wiatros-Motyka, analista sênior de eletricidade da Ember. “A energia solar e eólica estão crescendo rápido o suficiente para atender ao crescente apetite mundial por eletricidade.”
A demanda global por eletricidade no primeiro semestre de 2025 aumentou 2,6% (369 TWh) em comparação com o mesmo período de 2024. Esse aumento foi mais do que compensado pelo crescimento na produção de energia limpa:
- Solar: aumento de 306 TWh
- Eólica: aumento de 97 TWh
A mudança para fontes renováveis foi largamente impulsionada pelas duas maiores nações consumidoras de eletricidade. A China reduziu a geração de combustíveis fósseis em 2%. A geração solar cresceu 43% e a eólica, 16%. A Índia aumentou a geração eólica em 29% e a solar em 31%, o que permitiu ao país reduzir o uso de carvão e gás em 3,1%.
Em contraste com as nações asiáticas, a geração de combustíveis fósseis aumentou nos Estados Unidos e na União Europeia no mesmo período. Nesses locais, o crescimento mais forte da demanda por eletricidade, combinado com uma produção mais fraca de energia eólica e hidrelétrica, forçou uma maior dependência do carvão e do gás.
Nos EUA, a geração a carvão subiu 17%, enquanto a geração a gás caiu 3,9%. Já na União Europeia, a geração de energia a gás aumentou 14% e a de carvão subiu 1,1%.
O relatório nota que o presidente dos EUA, Donald Trump, um cético das mudanças climáticas, assinou decretos executivos no início do ano com o objetivo de aumentar a produção de carvão e prometeu apoio às usinas termelétricas a carvão no mês passado.