Renner projeta 2º semestre desafiador, mas aposta em recuperação em 2026, diz CFO

A Lojas Renner projeta um segundo semestre mais desafiador para seus resultados, especialmente no terceiro trimestre, mas mantém o otimismo para os últimos meses de 2025 e para o ano de 2026. A visão é do vice-presidente de finanças da varejista, Daniel Martins, em entrevista à Reuters.

No primeiro semestre, a companhia viu sua receita líquida crescer 15,6% em relação a 2024, com as vendas nas mesmas lojas subindo 14,5%. No entanto, Martins explicou que essa performance foi impulsionada por uma base de comparação mais fraca, já que o outono de 2024 foi atipicamente quente, adiando as compras de roupas de inverno.

O executivo apontou que o cenário macroeconômico, com a taxa Selic elevada, tem deixado o consumidor “mais fragilizado” e seletivo. Por isso, a Renner seguirá com uma política de crédito restritiva.

“Não é o momento de começar a trabalhar perfis de riscos maiores, o patamar de juros atual ainda demanda mais cuidado”, afirmou Martins. Apesar disso, ele vê potencial para uma contribuição maior do crédito para as vendas em 2026, com a esperada queda dos juros. A carteira total do braço financeiro da empresa, a Realize, somava R$ 6,5 bilhões no final do primeiro semestre.

Martins comentou a chegada da varejista sueca H&M ao Brasil, classificando-a como uma nova concorrente, mas ressaltou as dificuldades do mercado local para empresas estrangeiras. “Todo mundo chega com uma sede pelo Brasil e depois vai percebendo como é difícil”, disse. Ele questionou se a moda trazida pela H&M, que não é pensada para o público brasileiro, terá a mesma aceitação.

O vice-presidente também defendeu a isonomia tributária com as plataformas estrangeiras que, segundo ele, pagam menos impostos. “O mesmo produto que eu trago da China paga 85% de impostos, o das plataformas paga 47%”, comparou, sem citar nomes.

Apesar do cenário cauteloso, a Renner mantém seus planos de expansão. A empresa planeja abrir de 15 a 20 lojas da marca homônima até o final do ano, além de cerca de 15 unidades da Youcom e uma a duas da Camicado.

Sobre o retorno aos acionistas, Martins sinalizou que a recompra de ações é a opção preferida no momento, considerando que o preço dos papéis ainda está abaixo do valor intrínseco da companhia. Em fevereiro, a varejista anunciou um programa de recompra de até R$ 1 bilhão.

Por fim, a Lojas Renner irá votar em uma assembleia um novo plano de incentivo de longo prazo para executivos, com um orçamento de R$ 95 milhões, que será distribuído com base em metas como o Retorno Total aos Acionistas (TSR) e o Retorno sobre o Capital Investido (ROIC).

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