Resquícios de El Niño: Economistas e casas de análise acreditam que o fenômeno climático pode pressionar a inflação

A preocupação no curto prazo é pequena, pois efeitos sobre a safra agrícola e os preços da energia são limitados; fenômeno prolongado afetaria cenário macro.

Reprodução/ NOAA

A expectativa para os próximos meses é de que os reflexos negativos sejam pontuais e se concentrem nas plantações do Nordeste e do extremo Sul. As chuvas e ciclones extratropicais, podem comprometer não só a próxima safra na região mas também em outras, como a do setor sucroalcooleiro no Sudeste. Impactando o preço de certos alimentos em 2024. 

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) afirma que o País vai conseguir atravessar a estiagem no Norte e Nordeste graças às condições favoráveis de outros reservatórios. Ou seja, a seca histórica não deve elevar o preço da energia elétrica, pelo menos até dezembro.

Outro impacto relevante pode ocorrer na política monetária do Banco Central, que iniciou seu ciclo de corte de juros em agosto, já reduziu a Selic duas vezes em 0,5 ponto percentual e indicou cortes da mesma magnitude nas próximas reuniões.

Há também a preocupação de o El Niño afetar a geração de energia das hidrelétricas, o que elevaria o custo da eletricidade com reflexos na inflação. Mas o fenômeno costuma aumentar as chuvas no Sul e no Sudeste, o que favorece a recuperação dos reservatórios das usinas nessas regiões.

O Bank of America, estima uma alta de até 1 ponto percentual no IPCA, caminhando para um previsão de 6,0% ao final do próximo ano.

Um estudo executado por Cristopher Callahan e Justing Mankin, da Universidade de Dartmouth, que foi publicado na revista “Science”,  averiguou o custo gerado a longo prazo pelo El Niño, desde seu primeiro registro. O resultado apresentado foi um custo médio de cerca de US$ 3,4 trilhões (cerca de R$ 16,8 trilhões).

O Fenômeno El Niño

O El Niño é um fenômeno climático que ocorre periodicamente no Oceano Pacífico tropical. Ele se caracteriza pelo aquecimento anormal das águas superficiais do oceano na região equatorial, especificamente ao longo da costa oeste da América do Sul. Esse aquecimento das águas tem efeitos significativos no clima global, afetando as condições meteorológicas em várias partes do mundo.  

O aquecimento das águas do Pacífico tropical também pode levar ao aumento das temperaturas do ar em várias partes do planeta, incluindo a América do Norte.

Em muitas regiões, o El Niño está associado a chuvas intensas e inundações. Por outro lado, algumas áreas enfrentam secas severas devido à alteração dos sistemas de vento e padrões climáticos.

Devido às suas consequências nas condições climáticas, o El Niño pode ter impactos econômicos significativos, afetando a agricultura, a produção de alimentos e até mesmo os preços das commodities.

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